A psicologia por trás do que nos faz dizer se algo está melhor ou pior

22/02/2017 às 10:123 min de leitura

Uma das grandes regras da vida é, certamente, a mudança. Trocamos de corte de cabelo, de estilo musical favorito, de emprego, de namorado(a) e até de amigo(a). Em alguns momentos, encaramos isso tudo como algo positivo, mas nem sempre é assim – há casos em que pensamos que aquela coisa que mudou fez nossa vida piorar de maneira geral.

Um estudo publicado no Journal of Personality and Social Psychology revelou os resultados de uma pesquisa conduzida por Ed O’Brien e Nadav Klein. Eles analisaram as evidências que nos fazem acreditar que uma situação está mudando para melhor ou para pior, e os resultados comprovaram que as pessoas precisam de menos evidências para acreditar que a situação piorou e mais para terem certeza do contrário.

A pesquisa convidou os participantes voluntários a imaginar uma série de situações em âmbitos diferentes, como esportes, economia e saúde – em alguns momentos, a ideia era fazer com que as pessoas imaginassem que tudo estava bem, e aí tinham que prever 10 eventos que poderiam acontecer futuramente. Na sequência, precisaram dizer quais desses eventos foram previstos em um aspecto negativo e duradouro.

Comparativos

Parece que realmente somos pessimistas de carteirinha. No experimento de O’Brien e Klein, as respostas dos participantes revelaram que, quando a perspectiva era boa, os participantes precisavam de cinco eventos ruins para concluir que o cenário havia piorado.

Quando o ponto de partida já era negativo, os candidatos precisavam de, em média, 6,5 eventos positivos para acreditar que as coisas estavam começando a melhorar.

Em outro tipo de avaliação, os indivíduos estudados foram divididos em três grupos e apresentados a um gráfico com indicadores econômicos. Para o primeiro, a informação era de que o gráfico começou alto e depois decaiu; para o segundo, a informação foi de que o gráfico com valores altos indicava uma economia saudável. O terceiro grupo foi informado de que o indicador alto não representava um gráfico saudável – as quedas no gráfico eram vistas, portanto, como boas para alguns participantes e como ruins para outros.

Visões distintas

Depois da apresentação diferente do mesmo gráfico para os três grupos de voluntários, os pesquisadores quiseram saber se a imagem indicava uma mudança econômica fundamental. As respostas comprovaram as suspeitas: os participantes eram mais propensos a enxergar uma pequena mudança como fundamental quando as coisas estavam piorando do que quando estavam melhorando.

Para os pesquisadores, essa diferença tem a ver com conceitos de entropia, que nos diz que, para manter a ordem e melhorar, é preciso dispor de energia – se você toca violão, quanto mais treinar, melhor será na hora de tocar o instrumento.

Para comprovar isso, os voluntários foram submetidos a uma pesquisa final. Metade dos participantes foi informada de que participariam de um jogo que aprenderiam a jogar – para eles, o jogo era muito difícil e exigia esforço real para que cada um pudesse evoluir.

O outro grupo, no entanto, foi apresentado a um jogo que aproveitou as habilidades naturais de cada participante, o que tornava a brincadeira mais fácil e possível de ser realizada em pouco tempo. Depois, foram avaliadas questões como desempenho, melhora e piora.

Pensamento padrão

Os participantes que foram informados de que jogariam um jogo difícil tiveram o mesmo padrão de pensamento em todas as experiências: para eles, bastavam poucas evidências negativas para mostrar que um jogador estava piorando muito, mas eram necessárias muitas positivas para indicar que ele estava melhorando.

Já os participantes que jogaram os jogos que correspondiam a suas habilidades naturais tiveram um padrão invertido de lógica: para eles, eram necessárias menos evidências positivas para concluir que um jogador estava ficando melhor e mais evidências negativas para dizer que alguém estava piorando.

O lado bom de acreditarmos que as coisas estão ficando piores por causa de poucos indícios é que, em decorrência disso, podemos agir mais cedo para tentar melhorar o cenário. Estamos acostumados a crer que algo melhora quando nos esforçamos, quando colocamos nossa energia nessa coisa, e por isso tendemos a repetir esse padrão de raciocínio.

Por acreditarmos que algo só está melhorando somente depois de um número maior de evidências, acabamos depositando nosso esforço continuadamente, à espera da melhora, ainda que já tenhamos visto resultados positivos. No final das contas, isso não é algo bom também?

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