Sigiriya: a belíssima extravagância criada por um rei playboy do Sri Lanka

04/05/2017 às 11:064 min de leitura

O Sri Lanka é um país insular com um tamanho pouco maior que o estado da Paraíba e está localizado ao sul da Índia. Apesar de pequeno, ele é altamente povoado, com cerca de 22 milhões de pessoas, o equivalente a Minas Gerais, o segundo estado brasileiro com maior população.

A ocupação humana no Sri Lanka remonta mais de 125 mil anos de história, e lá é possível encontrar registros incríveis de nossos antepassados. Um desses lugares se chama Sigiriya, conhecida localmente como “a 8ª maravilha do mundo”. E não é para menos: trata-se de uma cidadela construída em 476 d.C. para abrigar a sede de um reinado bastante inescrupuloso.

Sigiriya, a “Rocha do Leão”, eleva-se 660 metros acima do resto da paisagem e abriga, além das ruínas do palácio real, uma enorme coleção de afrescos, grafites e jardins paisagísticos. Essas construções são reconhecidas como um dos mais preservados projeto urbanos do mundo antigo.

Rocha se eleva 660 metros acima de belíssimos jardins que fazem parte de todo o complexo de Sigiriya

O rei invejoso

Sigiriya está localizada no distrito de Matale, quase no centro do país, e os historiadores acreditam que essa região já era povoada por humanos no século 3 a.C. Dathusena foi o primeiro rei da dinastia Moriyan do Sri Lanka, governando entre os anos de 455 a 473 d.C. Ele tinha dois filhos: Moggallana e Kashyapa, sendo que este último era ilegítimo, mas que sempre sonhara com o trono.

Determinar a assumir o reino, Kashyapa se aliou ao general Migara para derrubar o pai. Isso só aconteceu quando Migara se revoltou com o rei quando ele mandou matar a própria irmã, que era casada com o general. Dathusena foi preso, sendo que Moggallana, o herdeiro legítimo, fugiu para a Índia com medo do meio-irmão.

Isso abriu caminho para Kashyapa pintar e bordar no Sri Lanka. Ele era bem duro com o pai preso e não tinha nenhuma misericórdia por ele, tanto que o matou quando decidiu transferir a capital do reino de Anuradapura para Sigiriya, em 477 d.C.

Arte moderna representando o rei Kashyapa com a Rocha do Leão ao fundo

A Rocha do Leão

A ideia de construir um palácio na Rocha do Leão dava uma sensação de segurança a Kashyapa. Como o local ficaria no alto, a chegada de qualquer inimigo poderia ser rapidamente avistada lá de cima. Por isso, uma de suas primeiras ordens foi projetar e erguer a cidadela de Sigiriya.

A rocha ganhou seu nome depois que o rei mandou esculpir um enorme leão em uma das entradas da fortaleza. Hoje em dia, apenas as patas do animal sobreviveram ao tempo, mas já é possível imaginar a sua magnitude. A cidadela possuía outros quatro portões e media 3 km de comprimento e 1 km de largura.

Kashyapa também ordenou a construção de belíssimos jardins em todo o complexo, além de cercar toda a região com um fosso que deveria dar uma segurança a mais aos habitantes do local. Já sobre a rocha, um incrível sistema de cisternas funciona até hoje, armazenando água para os jardins superiores.

Rocha do Leão: apenas as patas do animal permanecem em um dos portões do antigo palácio real

Mulheres do rei

No lado ocidental da rocha, encontra-se a Parede do Espelho, que foi construída de tijolo com gesso branco altamente polido que, supostamente, até refletia a imagem de quem a via. Nessa lateral também é possível ver uma série de afrescos que representam um pouco da cultura da época, além de vários grafites escritos ao longo dos séculos seguintes.

Hoje em dia, a parede está fechada para os visitantes para que novas inscrições não sejam feitas pelos turistas. Uma equipe de restauradores também trabalha para recuperar as escritas mais antigas nesse local.

Dentro de uma das cavernas estão vários desenhos de mulheres cingalesas que datam da época da construção do complexo habitacional. O significado dessas imagens ainda não está muito claro, com alguns historiadores acreditando que elas retratam as esposas do rei Kashyapa. Outros falam que seriam apenas representações de rituais religiosos.

Retratos sobreviveram ao tempo por não estarem expostos às condições climáticas

Reinado curto, história longa

Uma das atrações mais incríveis certamente é o palácio do rei, construído no alto da rocha. Ele parece uma cidade em miniatura, adornado com esculturas, cisternas e jardins magníficos. O castelo se eleva junto com a montanha por toda uma região cercada de belíssimos jardins e muros que garantem a segurança.

Apesar da imponência, o complexo não durou muito tempo: em 495 d.C., Moggallana retornou ao Sri Lanka para reclamar o trono que era seu de direito. Claro que os dois irmãos iriam entrar em uma luta sangrenta, e a lenda conta que o rei legítimo só conseguiu vencer porque o elefante no qual Kashyapa estava montado recuou e confundiu o próprio exército, que pensou que era para bater em retirada. Com o caos formado, Moggallana matou o próprio irmão e levou a sede do reino de volta a Anuradapura.

Mais tarde, o complexo foi tomado por monges budistas, que o ocuparam até o século 14. Pouco se sabe o que aconteceu nos dois séculos seguinte, mas em meados dos anos 1600 Sigiriya voltou a servir de posto de observação, desta vez para o reino de Kandy.

Imagem aérea mostra todo o complexo de Sigiriya

Redescoberta

O mundo ocidental só teve conhecimento do local em 1831, quando o major britânico percorreu a ilha de Sri Lanka a cavalo e descobriu o maciço rochoso que fora palco do antigo reinado de Kashyapa. Porém, apenas em 1907 a comunidade internacional realmente mostrou interesse pela história do local e pelos tesouros arqueológicos que lá existem.

O governo do Sri Lanka só começou a trabalhar efetivamente na reativação e exploração de Sigiriya em 1982. O complexo acabou sendo tombado pela UNESCO como Patrimônio Mundial da Humanidade e pode ser visitado por turistas. São 25 km de ônibus partindo a cada 30 minutos de Dambulla, a cidade mais próxima de lá.

Também é necessário disposição para subir os 750 degraus e chegar ao topo da rocha. Guias não oficiais estarão por lá para acompanhar os visitantes e contar lendas e histórias da região, que ficou durante séculos esquecidas no planalto cingalês. Uma curiosidade: a banda Duran Duran gravou cena do clipe “Save a Prayer” no alto de Sigiriya.

Confira outras fotos do local:

Galeria 1

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