9 derrapadas famosas da arquitetura mundial

10/07/2018 às 04:005 min de leitura

A imaginação humana sempre se viu razoavelmente tolhida por questões mais, digamos, materiais. Projetos suntuosos, visando a mais pura ostentação da criatividade, podem às vezes sucumbir por motivos bem menos admiráveis do que aqueles que lhes deram origem. E aí não tem jeito: tudo vem abaixo — ou é condenado por profissionais de segurança e também por sorrisos amarelos.

Isso não poderia ser mais verdade no catmpo da arquitetura. A Torre de Pisa, por exemplo, tornou-se particularmente famosa porque seus responsáveis não atentaram para as fundações — fazendo com que o enorme campanário acabasse pendbendo perigosamente para o lado, como permanece até hoje.

Mas há também falhas que não são exatamente da estrutura, mas sim de uma previsão equivocada dos limites da sua utilização. Basta se lembrar do átrio do famigerado hotel Hyatt Regency, em Kansas City (Missouri, EUA). Ou voltando ainda mais (muito mais) no tempo, é possível citar também o anfiteatro de Fidenae: a estrutura acabou desabando sob a euforia de um público reunido para lutas de gladiadores.

Nove casos como esses podem ser encontrados na lista a seguir — elaborada pela New School of Architecture and Design.

O anfiteatro de Fidenae (27 d.C.)

Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

Conforme mencionado acima, a estrutura do anfiteatro Fidenae — toda formada em madeira — veio abaixo em razão do peso exercido pelo público, reunido ali para assistir aos combates de gladiadores — uma espécie de “justiça poética”, alguém poderia dizer.

O colosso do Império Romano desabou em 27 d.C. A lição deixada foi bastante clara: o peso a ser colocado sobre uma estrutura deve ser precisamente considerado antes da execução.

Ponte Tacoma Narrows (1940)

O balanço aterrorizante da Ponte Tacoma Narrows — localizada no Estreito de Tacoma, Washington (EUA) — chegou render um apelido: “Grande Galopante”. Embora a população local já estivesse acostumada ao sacolejo constante da estrutura, não demorou mais do que dois anos para que tudo viesse abaixo.

Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

A ponte foi derrubada por ventos de 67 quilômetros por hora, embora os motivos para isso ainda sejam discutidos. Há quem diga que o que ocorreu ali foi o fenômeno conhecido como “aeroelasticidade” — determinado por uma interação de forças inerciais, elásticas e aerodinâmicas.

Entretanto, há também bibliografias que mencionam um caso de “ressonância” — frequências externas que teriam feito com que toda a estrutura vibrasse. De qualquer forma, o efeito determinante na Tacoma Narrows foi mesmo o efeito de torção, o qual acabou estressando o material e colocando tudo no chão. A armação de aço da ponte forma hoje o maior recife artificial do mundo.

A Torre de Pisa (1173)

Talvez pareça um sacrilégio elencar a famosa Torre de Pisa entre os fiascos da engenharia/arquitetura. Mas não se pode negar que houve ali um erro crasso de projeto — o qual acabou corrigido dada a importância histórica do campanário, é claro.

Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

Este é um caso clássico em que o problema não se deu com os materiais utilizados, mas sim com as fundações. A Torre de Pisa foi construída, com todos os seus 60 metros de altura, sobre um terreno pantanoso, o que acabou ocasionando a inclinação. A lição, incrivelmente clara, tem até reforço bíblico: construa a sua casa sobre uma fundação sólida.

Centro Stata (2007)

O Centro Stata é uma das construções pertencentes ao celebrado MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, na sigla em inglês). Trata-se de um projeto do arquiteto Frank Gehry, vencedor do prêmio Pritzker.

Na verdade, não se trata propriamente de uma falha de arquitatura ou engenharia. Embora se fale de problemas estruturais — ocasionando infiltrações, formação de mofo entre outros efeitos desagradáveis —, a composição ainda é celebrada por alguns como uma celebração à liberdade criativa.

Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

“O Stata sempre vai parecer inacabado. Também parece que está prestes a entrar em colapso. As colunas se inclinam em ângulos assustadores. As paredes balançam, desviam e colidem em curvas e ângulos aleatórios”, afirmou o arquiteto e colunista do jornal Boston Globe, Robert Campbell. “Os materiais mudam onde quer que se olhe: tijolo, aço de superfície espelhada, alumínio escovado, tintas de colorido brilhante, metal corrugado. Tudo parece improvisado, como se jogado no último instante.”

Entretanto, ele conclui: “Esse é o ponto. A aparência do Stata é uma metáfora para a liberdade, ousadia e criatividade da pesquisa que deve ocorrer dentro dele.” Campbell situou ainda os atrasos e custos elevados do projeto no campo de “ossos do ofício”, comparando as inconveniências da edificação do Stata às da construção da Catedral de São Paulo, em Londres.

Passeio do Hotel Hyatt Regency (1981)

Assim como no caso do anfiteatro de Fidenae, o motivo para a tragédia ocorrida no átrio do Hotel Hyatt Regency, em Kansas City, nos EUA, aconteceu mais por causa de uma previsão equivocada sobre sua utilização do que por falhas estruturais típicas.

Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

O ambiente em questão era todo cortado por diversos passeios suspensos. Em 1981, durante uma apresentação de dança, todos eles estavam devidamente abarrotados de espectadores, o que representou o dobro do peso admitido no projeto. O saldo final foi a morte de mais de 100 pessoas, em um dos acidentes estruturais mais graves da história dos EUA.

Hotel e Spa Vdara (2009)

Caso estivesse na área das piscinas do Hotel e Spa Vdara após a sua construção, você não acabaria soterrado, mas provavelmente chamuscado. A bela fachada projetada pelo arquiteto Rafael Vinoly acabou atuando como um espelho esférico côncavo, concentrando os raios solares sobre a o solo abaixo.

Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

O resultado? Cabelos queimados, plásticos derretidos e uma solução de emergência: mais áreas com sombra, a fim de que ninguém mais acabasse com bronzeados inesquecíveis. A lição deixada: a arte, eventualmente, deve se dobrar ao conhecimento puramente científico. No caso, algumas considerações básicas relativas à ótica teriam poupado muito transtorno.

Barragem de St. Francis (1928)

A barragem de St. Francis foi construída em 1924, como parte do aqueduto de Los Angeles (Califórnia, EUA). Apenas quatro anos depois, entretanto, após dar várias pistas de que algo não ia bem, a edificação acabou arrebentando — por conta do que foi considerado um conjunto de motivos estruturais e geológicos.

Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

O resultado foi uma inundação que, por sua vez, gerou um saldo de mais de 600 mortes. O grande problema, nesse caso, foi a falta de inspeção constante da obra.

Conjunto Lotus Riverside (2009)

O conjunto de apartamentos Lotus Riverside, em Xangai (China), acabou literalmente em uma piscina de lama. Em 2009, quando já estava praticamente construído, iniciou-se a remoção de porções do solo para a inclusão de um estacionamento subterrâneo.

Fonte da imagem: Reprodução/Bloomberg

Bem, mas o que fazer com toda a terra removida do local? É fácil imaginar alguém dizendo: “Ah, coloca ali do lado”. A pressão dos montes acumulados, entretanto, acabou por pesar sobre o leito do rio, que sofreu um colapso. As águas foram então desviadas para baixo da construção, transformando a fundação do Lotus Riverside em um enorme lamaçal.

O resultado: um prédio tombado, matando um trabalhador. E fica a dica: qualquer acréscimo ao projeto deve ser acompanhado de análises constantes das fundações.

Torre de John Hancock (1976)

Após a sua construção, a Torre de John Hancook precisou ainda ganhar uma substituição de 10 mil janelas, no valor de US$ 5 milhões. O motivo: por exposição excessiva ao calor do sol, os vidros passaram a se soltar e despencar sobre a calçada.

Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

Além disso, a construção também cedia demais às investidas dos ventos, ocasionando um balanço constante que fazia com que muita gente se sentisse como um “marinheiro de primeira viagem”. A lição deixada: em projetos de grandes proporções, como um arranha-céu, mesmo os mínimos detalhes podem gerar enormes consequências.

*Publicado originalmente em 23/07/2013.

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