Astrônomos detectam imensa onda de choque na Via Láctea

05/09/2016 às 08:472 min de leitura

Conforme já explicamos aqui no Mega Curioso, no núcleo da Via Láctea existe um buraco negro supermassivo, com massa milhões de vezes superior à do Sol, conhecido pelo nome Sagitário A*. Mas, em vez de estar engolindo tudo o que se encontra ao seu alcance, de acordo com Belinda Smith, do portal Cosmos, atualmente esse gigante se encontra adormecido — embora nem sempre tenha sido assim.

Segundo Belinda, um time internacional de astrônomos acredita que Sgr A* — apelido pelo qual o buraco negro é carinhosamente chamado pelos cientistas — despertou entre 6 e 8 milhões de anos atrás e passou nada menos do que 4 milhões de anos engolindo matéria até cair novamente no sono.

Peso galáctico

Os astrônomos propuseram essa teoria depois de encontrar uma enorme bolha que se estende a 20 mil anos-luz do centro da galáxia enquanto buscavam por vestígios de massa galáctica que deveria existir na Via Láctea — mas se encontrava, digamos... “perdida”.

Via Láctea

Conforme explicou Belinda, para calcular o “peso” de uma galáxia, os cientistas estimam seu raio e medem a velocidade com a qual suas estrelas se movimentam, além de incluirem na conta a matéria bariônica, ou seja, a matéria comum e a matéria escura.

No caso da Via Láctea, a massa bariônica é equivalente a algo entre 150 bilhões e 300 bilhões de vezes a massa do nosso Sol, aproximadamente. Entretanto, quando apenas a massa da matéria visível é calculada, ela não soma mais do que 65 bilhões de vezes a massa da nossa estrela. Segundo Belinda, esse tipo de discrepância não é exclusividade da nossa galáxia — e os astrônomos estavam tentando descobrir onde a massa que falta se encontrava quando deram com a bolha.

Arroto cósmico?

Os cientistas acreditam que a bolha foi produzida após o Srg A* consumir gás e poeira cósmica durante o período em que esteve ativo, “arrotando” esse material a uma velocidade de mil quilômetros por segundo — formando uma imensa onda de choque esférica. Eles chegaram a essa conclusão depois de analisar observações em raios X realizadas pela Agência Espacial Europeia e conduzir uma série de simulações para determinar a distribuição de gás no centro da galáxia.

Sagitário A*, o glutão adormecido

Os astrônomos descobriram evidências de que existe uma nuvem de gás superquente no centro da Via Láctea que se estende a até dois terços do caminho ao nosso planeta — empurrando o gás do centro da galáxia para o seu exterior. Curiosamente, essa bolha conta com cerca de 130 bilhões de vezes a massa do nosso Sol e poderia explicar a massa “perdida” que os cientistas estavam procurando.

Ainda segundo os astrônomos, para que pudesse se formar, essa bolha precisou de uma quantidade enorme de energia — e essa energia teria vindo do Sgr A*. Conforme explicaram, os buracos negros não são muito “educados” quando estão se alimentando e, à medida que a matéria é atraída para o seu interior, parte dela acaba sendo expelida de volta para o espaço.

Representação artística da Via Láctea durante sua fase ativa

Durante a fase de intensa atividade (há 8 milhões de anos), quando o Sgr A* começou a devorar a poeira cósmica e os gases que encontravam em suas imediações, ele também liberou uma imensa nuvem de material.  Considerando que existe uma porção de estrelas na Via Láctea com cerca de 6 milhões de anos, essa atividade toda também pode explicar a formação desses astros.

De lá para cá, com o gás e a poeira sendo expelidos para o exterior da galáxia — formando a bolha —, o buraco negro que se encontra no núcleo da Via Láctea acabou ficando sem material para devorar e entrou em estado dormente.

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