Afinal, como o famoso “coração” de Plutão se formou?

03/06/2016 às 06:443 min de leitura

Vai dizer que você não ficou surpreso — e até maravilhado — quando a imagem acima, registrada pela sonda espacial New Horizons, foi divulgada no ano passado! A figura de Plutão e seu enorme “coração” conquistaram os terráqueos, mas não é todo mundo que sabe o que é essa curiosa característica do planeta-anão.

De acordo com Jonathan Amos, da BBC, essa espetacular feição plutoniana corresponde a uma enorme planície gelada chamada Sputnik Planum. Ela é a característica geológica mais marcante de Plutão e ocupa uma área de 900 mil quilômetros quadrados. Além disso, sua superfície parece ser formada por uma série de polígonos e, se você prestar atenção, vai notar que ela não conta com crateras de impacto como as que se encontram no resto do astro.

Movimentação constante

Segundo Jonathan, a falta de “marcas” na Sputnik Planum está associada justamente ao fato de ela ser formada por polígonos — ou células — compostos por nitrogênio em forma de gelo. Os astrônomos observaram que, do ponto de vista geológico, essa camada de nitrogênio sólido se mantém em constante e vigoroso movimento, e esse “vira, mexe e remexe” é que apaga as marquinhas que aparecem na superfície da planície.

Coração de Plutão

De acordo com os cientistas, essa movimentação toda é provocada pelo calor presente no núcleo de Plutão — que resulta na convecção térmica que faz com que o gelo que se encontra nas camadas superiores terreno fique se “revirando”, subindo e descendo, e a planície apresente essa forma peculiar. Veja no esquema a seguir:

Revira, sobe e desce

E de onde vem esse calor — ou energia — que existe no núcleo do planeta-anão? Segundo os astrônomos, de elementos radioativos originários da época em que Plutão se formou. Ademais, o mais interessante é que, segundo explicaram, esse movimento também dá a impressão de que o “coração” de Plutão realmente está pulsando.

Coração pulsante

De acordo com Jonathan, os polígonos visíveis na superfície de Plutão contam com dimensões entre 10 e 40 quilômetros de largura e cobrem uma profunda bacia que se encontra rodeada por montanhas. Além disso, cada célula conta com uma espécie de domo que fica cerca de 50 metros acima das extremidades, e elas, por sua vez, são ladeadas por depressões que podem chegar aos 100 metros de profundidade. Veja na imagem a seguir:

Relevo peculiar

Análises dos dados coletados pela New Horizons revelaram que o gelo da planície é composto principalmente por nitrogênio, assim como por monóxido de carbono e metano, mas em quantidades menores. Ademais, apesar das congelantes temperaturas de Plutão — que rondam os – 235 °C —, esse material ainda é capaz de fluir pela superfície.

E no que diz respeito a “apagar” as marcas da superfície da Sputnik Planum, simulações apontaram que as camadas superiores dos domos que cobrem as células só precisam se mover alguns centímetros na horizontal anualmente para renovar sua cobertura. Segundo os cientistas que conduziram os estudos, apesar de parecer pouco, essa movimentação é muito mais rápida do que a taxa de impactos que Plutão recebe de rochas espaciais.

Movimentação peculiar

Os astrônomos também chegaram a outras conclusões bem interessantes sobre a dinâmica da Sputnik Planum. As análises apontaram que a bacia na qual os polígonos se encontram possui entre 10 e 20 quilômetros de profundidade — o que é mais do que o esperado para que toda a movimentação observada aconteça.

Várias feições geológicas da planície

Assim, para explicar a convecção térmica e o ciclo de renovação da superfície, os astrônomos propõem que o que acontece é que o domo das células se move muito mais lentamente do que a camada que se encontra mais abaixo e, portanto, recebe mais calor do núcleo de Plutão. Nesse caso, o processo ocorreria entre 3 e 6 quilômetros de profundidade e dependeria de como o nitrogênio reage com respeito à temperatura, à pressão e a outros fatores.

Como é que esse sistema se forma?

De acordo com Jonathan, a Sputnik Planum é o local onde a recente atividade geológica de Plutão é mais evidente, e os astrônomos também observaram por lá a presença de “montanhas flutuantes”. Eles acreditam que elas sejam fragmentos de água congelada parecidos com os icebergs que existem aqui na Terra.

Veja algumas das "montanhas flutuantes" concentradas em um cantinho

Segundo explicaram, essas “montanhas” são transportadas ao interior da planície por glaciares de nitrogênio e tendem a se acumular no campo dos polígonos. Entretanto, esses fragmentos de gelo não conseguem afundar com o fluxo do mexe e remexe da convecção térmica e acabam formando uma espécie de cadeia de colinas nas extremidades das células.

Então, o gelo que se acumula nesses locais provavelmente acaba sendo vaporizado com o tempo, produzindo as depressões que delimitam os polígonos. Assim, como você viu, todos esses elementos fazem parte de um dinâmico ciclo entre o terreno, a atmosfera, as montanhas e os glaciares.

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