O caso das empresas de doces que tiveram os seus produtos envenenados

20/09/2016 às 09:084 min de leitura

No dia 18 de março de 1984, Katsuhisa Ezaki foi sequestrado. Ele era CEO da Glico, uma das maiores fabricantes de doces no Japão. Três homens mascarados e armados invadiram a sua casa e, além de o raptarem, ainda ameaçaram sua esposa, seus três filhos e sua mãe.

Após deixarem a casa, eles levaram Ezaki para um armazém e exigiram da empresa em que ele trabalhava 4,2 milhões de dólares e 100 quilos de ouro.

Três dias depois do sequestro, e antes de o resgate ser pago, Ezaki conseguiu escapar do cativeiro. Ele estranhou a facilidade com que conseguiu sair sem se deparar com nenhum dos sequestradores.

Katsuhisa Ezaki

A polícia não encontrou os homens envolvidos no caso e nada mais foi feito sobre o assunto até que, no dia 10 de abril, três carros que estavam no estacionamento da Glico foram incendiados por um homem não identificado.

Um mês após os atentados, uma carta assinada pelo “Monstro de 21 faces” chegou à companhia. Ela continha um aviso de que havia sido colocado cianeto nos produtos Glico

Seis dias depois, a polícia descobriu um plástico contendo ácido e um bilhete ameaçando a segurança da empresa.

Um mês após os atentados, uma carta assinada pelo “Monstro de 21 faces” chegou à companhia. Ela continha um aviso de que havia sido colocado cianeto nos produtos Glico. Imediatamente, a marca mandou retirar todos os seus itens das prateleiras e pediu para a mídia divulgar o problema.

A polícia passou em cada mercado para verificar se as ordens estavam sendo cumpridas. O recall custou mais de US$ 20 milhões para a empresa, que ainda demitiu 450 funcionários.

Não demorou muito para que outra carta chegasse à Glico: “Vocês parecem estar perdidos. Então, por que não os ajudar? Vamos dar uma pista: entramos na fábrica pelo portão da frente. A máquina de escrever que usamos é Panwriter e o recipiente de plástico utilizado era só um pedaço de lixo da rua”.

Eles ainda ameaçaram colocar os produtos envenenados de volta às prateleiras. Na mesma semana, as imagens de uma câmera de segurança registraram um homem suspeito de ter adulterado as caixas em um supermercado, mas ele nunca foi realmente identificado.

Seria esse o "Monstro de 21 faces"?

Olhos de raposa

Inesperadamente, outra correspondência chegou e o conteúdo era ainda mais indecifrável: “Nós a perdoamos, Glico”. Em seguida, uma carta exigindo 2 milhões de dólares foi enviada a Maradai e Morinaga, outras empresas de alimentos do país.

Durante a investigação, os oficiais descobriram que a ameaça também havia sido cumprida na empresa Maradai: vários de seus produtos realmente tinham sido envenenados.

Doces da empresa

Assim, o “Monstro” exigiu que um funcionário da empresa jogasse um saco com a quantia pedida pela janela de um trem. Ele deixaria uma bandeira branca no ponto certo durante a rota.

A polícia então decidiu que um detetive faria a entrega fingindo ser empregado da companhia. No dia combinado, o investigador relatou ter visto um homem o olhando durante a viagem: ele era alto, usava óculos e tinha o cabelo curto. Para o detetive, ele tinha “olhos como os de uma raposa”.

o investigador relatou ter visto um homem o olhando durante a viagem: ele era alto, usava óculos e tinha o cabelo curto. Para o detetive, ele tinha “olhos como os de uma raposa

Ele também afirmou não ter visto nenhuma bandeira, o que o impossibilitou de jogar o dinheiro. Quando saiu da cabine, o estranho homem o seguiu.

O “Monstro” parecia não ter desistido das cartas e, em novembro do mesmo ano, ele tentou extorquir 4 milhões de dólares da Casa Foods Corporation. Assim como na entrega anterior, novamente o oficial não viu nenhuma bandeira ou sinalização de onde deveria deixar o dinheiro.

Curiosamente, o mesmo homem do trem foi visto pela polícia na região. Ele estava com outra pessoa, talvez seu cúmplice, que carregava um rádio da polícia.

Os dois fugiram sem que as autoridades conseguissem localizá-los.

Retrato falado

Contando com a ajuda da população, os oficiais liberaram um retrato falado do suspeito, mas não tiveram nenhum sucesso.

Continuando o jogo de “gato e rato” com a polícia, ele enviou várias cartas a diversos veículos de comunicação, destinadas às “mães da nação”, com o aviso de que havia envenenado 20 doces que estariam em qualquer lugar do Japão. Até fevereiro de 1985, a polícia conseguiu encontrar 21 produtos envenenados.

Até fevereiro de 1985, a polícia conseguiu encontrar 21 produtos envenenados

Curiosamente, muitos dos pacotes tinham uma etiqueta com o aviso de “toxinas perigosas”. Não se sabe se os atentados realmente pretendiam tirar a vida de alguém ou se tudo aquilo era um jogo.

A primeira morte

Inesperadamente, a primeira morte do caso não envolveu nenhum dos produtos contaminados, já que a polícia conseguiu identificar e tirar todos de circulação.

Em agosto de 1995, com vergonha de não ter capturado o responsável pelas ações, Yamamoto, o Superintendente da província de Shiga, cometeu suicídio ateando fogo no próprio corpo.

Apenas cinco dias após a tragédia, o “Monstro” mandaria aquela que seria a última carta:

"Yamamoto morreu. Que estupidez a dele! Nós não temos amigos ou esconderijo secreto em Shiga. Alguém de Yoshino ou Shikata é que deveria ter morrido. O que eles têm feito durante este um ano e cinco meses? Não deixe que bandidos como nós fujamos. Há muitos mais tolos que querem nos copiar. Yamamoto morreu como um homem, por isso  decidimos dar as nossas condolências. Decidimos parar de envenenar alimentos. Se alguém chantagear qualquer empresa de alimento, nós não somos os responsáveis, mas alguém que está nos copiando. Nós somos bandidos. Isso significa que temos mais a fazer do que chantagear empresas. É divertido levar uma vida de homem mau".

Teorias

Como os culpados nunca foram descobertos, várias teorias surgiram sobre os criminosos. Alguns acreditam se tratar de um membro da gangue Yakuza, outros pensaram ser obra do culto apocalíptico Aum Shinrikyo, que foi o responsável pelo ataque ao metrô de Tóquio em 1995.

O “Monstro das 21 faces” nunca mais apareceu.

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