“Pé Pequeno”: um dos hominídeos mais antigos e completos já encontrados

07/12/2017 às 08:433 min de leitura

Apesar de termos uma noção de como os seres humanos evoluíram desde que a centelha de vida surgiu na Terra, a verdade é que a Ciência está longe de traçar a linha exata de como o progresso da nossa espécie se deu. Portanto, é sempre muito excitante quando uma nova peça do quebra-cabeça que compõe a nossa história é descoberta, não é mesmo?

Entrada para SterkfonteinEntrada para as Cavernas de Sterkfontein (Wikimedia Commons/PZFUN)

Pois em 1994, um paleontólogo chamado Ronald J. Clarke se deparou com uma dessas “peças” quando foi alertado que um grupo de mineiros tinha encontrado o que pareciam ser fósseis durante escavações conduzidas em um conjunto de grutas conhecido como Cavernas de Sterkfontein, situado perto de Johanesburgo, na África do Sul. Clarke, então, identificou alguns ossos no local — e, entre os primeiros, estavam quatro ossinhos do pé de pequenas proporções.

Ossinhos do pé de Ossinhos do pé de "Pé Pequeno" (Wikimedia Commons/Mike Peel)

Descoberta ímpar

O paleontólogo continuou “cavoucando” e, em 1997, em vez de apenas um mero pezinho, Clarke acabou descobrindo um dos esqueletos mais completo e antigos de nossos ancestrais — um hominídeo de 3,6 milhões de anos do gênero Australopithecus. Segundo o pesquisador, o fóssil se encontrava completamente incrustrado nos sedimentos das grutas e ele e seu time tiveram que usar ferramentas minúsculas, quase como agulhas, para conseguir retirar todos os ossos sem causar danos.

Homens exibindo fóssilHomens que faziam parte do time de Clarke (BBC/Paul Myburgh)

Depois, os fósseis foram cuidadosamente transportados a um laboratório para que o resto dos sedimentos pudesse ser removido do esqueleto. Mas tamanho trabalho certamente valeu à pena. Agora, cerca de 20 anos depois, o achado que começou com quatro ossos foi finalmente exibido ao público e se transformou em uma das descobertas mais significativas relacionadas com as origens da nossa espécie.

Ronald Clarke e Pé PequenoRonald Clarke e Pé Pequeno (Wikimedia Commons/Wits University)

Os cientistas concluíram a limpeza dos fósseis e montaram o esqueleto de “Pé Pequeno” — como ficou conhecido — e o estudo desse extraordinário exemplar poderá preencher algumas lacunas que existem na linha evolutiva humana. De acordo com os paleontólogos, Pé Pequeno tinha mais ou menos 1,35 metro de altura e, com base nos ossos da face, dentes e estrutura da pelve, os cientistas determinaram que o hominídeo era, na realidade, uma “hominídea”.

Jovenzinha

Os paleontólogos acreditam que Pé Pequeno era um indivíduo jovem que possivelmente perdeu a vida ao cair por uma abertura que dava para as grutas subterrâneas. Além disso, eles explicaram que a descoberta de fóssil sugere que os nossos antigos ancestrais estavam muito mais distribuídos pelo continente africano do que se pensava, e seu esqueleto, por estar tão completo, foi o primeiro a permitir que os cientistas pudessem realizar comparações entre o comprimento de membros superiores e inferiores em um mesmo indivíduo.

Pé PequenoPé Pequeno antes de ser completamente removida dos sedimentos (Science Alert/Universidade de Witwatersrand)

As análises, aliás, apontaram que as pernas de Pé Pequeno eram mais longas do que os braços e que suas mãos eram pequenas, indicando que, nesse aspecto, ela se parecia mais com os humanos do que com os primatas. Os cientistas também determinaram que Pé Pequeno caminhava com postura ereta e provavelmente dormia em árvores.

Uma informação interessante é que outros fósseis superimportantes, com idades variando entre extraordinários 2,3 milhões e 3 milhões de anos, também foram encontrados nas Cavernas de Sterkfontein — e essa área acabou ficando conhecida como Berço da Humanidade.

Outra coisa importante que vale esclarecer é que Pé Pequeno, embora seja o esqueleto completo mais antigo já descoberto, ele não é o mais “velho” de todos. Quem ainda detém esse título é um hominídeo conhecido como Ardi, de 4,4 milhões de anos — uma fêmea de Ardipithecus ramidus que foi descoberta na Etiópia no início dos anos 90, mas cujo esqueleto não se encontra tão completo.

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