Você sabe como os mísseis balísticos intercontinentais funcionam?

03/05/2019 às 06:003 min de leitura

De uns tempos para cá, parece que os testes com mísseis não saem mais das manchetes, não é mesmo? É artefato capaz de alcançar não sei quanto de altitude pra cá, dispositivo com poder de transportar não sei quanto de explosivos por tantos mil quilômetros pra lá... e um tipo de míssil que vem sendo mencionado com frequência ultimamente é o balístico intercontinental. Em especial os que vêm sendo testados pelos norte-coreanos.

Se você acompanha as notícias internacionais, deve se recordar que no finalzinho de novembro os norte-coreanos anunciaram que haviam realizado testes com um desses mísseis — um que teria alcançado altitudes 10 vezes superiores à que a Estação Espacial Internacional se encontra em órbita, anúncio esse que deixou muita gente nervosa! Mas você sabe como esses projéteis funcionam? E será que eles são capazes de voar tão longe mesmo?

“Foguetes” balísticos

Segundo Laura Geggel, do site Live Science, conforme o próprio nome dos dispositivos sugere, eles são capazes de percorrer grandes distâncias e viajar de um continente a outro, sim. E apesar de existirem vários tipos de mísseis balísticos intercontinentais, a maioria tem funcionamento parecido: de modo geral, eles são lançados a partir de bases situadas na superfície da Terra, chegam até o espaço, reentram na atmosfera e mergulham rapidamente até atingir o alvo.

Míssil balístico coreanoÉ um foguetão! (Business Insider)

De acordo com Laura, os mísseis balísticos intercontinentais podem ser lançados a partir de qualquer ângulo e viajam em trajetórias parabólicas até chegarem ao local pré-determinado. Esses dispositivos podem ser alimentados com substâncias propelentes líquidas ou sólidas e conter até três estágios — que vão sendo eliminados conforme o combustível é utilizado, da mesma forma que acontece com os foguetes espaciais.

Além disso, os voos desses mísseis são divididos em três etapas — conhecidas como fase de arranque, fase intermediária e fase de reentrada —, e a primeira delas tem entre dois e cinco minutos de duração e consiste no intervalo em que o projétil vence a força da gravidade e é “empurrado” pelos motores até chegar ao espaço.

Quase lá!

Na segunda fase, a intermediária, o míssil viaja pelo espaço a velocidades que podem variar dos 24 mil a pouco mais de 27 mil quilômetros por hora — devido à falta da resistência com o ar que ele encontraria se estivesse se deslocando pela atmosfera terrestre — e, dependendo da tecnologia a bordo dos dispositivos, sua trajetória inclusive pode ser corrigida.

Míssil intercontinentalVamos torcer para que a coisa fique só nos testes mesmo! (Business Insider/KCNA/Reuters)

Já a terceira etapa do voo, conhecida como fase de reentrada, o míssil mergulha de volta à Terra e, finalmente, atinge o alvo — em uma manobra que dura poucos minutos. Para sobreviver a essa última parte do voo, aliás, é crucial que os projéteis estejam equipados com painéis capazes de resistir às altíssimas temperaturas às quais eles são submetidos quando penetram na atmosfera para não queimarem ou se desintegrarem antes de chegar ao solo.

No caso do míssil que foi testado pelos norte-coreanos, o projétil foi lançado a partir de um lançador na Coreia do Norte, passou sobre o Japão — assustando bastante a população de lá —, percorreu cerca de mil quilômetros e, 54 minutos depois, mergulhou no mar. No entanto, projéteis como esse podem viajar distâncias muito mais longas, superiores a impressionantes 13 mil quilômetros a partir do local de lançamento!

Contudo, vale lembrar que diversos fatores podem afetar tanto o alcance como o tempo de viagem dos projéteis, como a quantidade de carga — ou explosivos — que eles estão transportando e a trajetória escolhida, e o usado no exercício provavelmente estava “vazio”.  Além disso, até hoje, apesar dos muitos testes que já foram conduzidos pelo mundo, nunca um país lançou mísseis intercontinentais contra outro como ato de guerra, portanto, vamos torcer para essa história não mude jamais.

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