Você sabe quem foram os ancestrais dos pássaros atuais?

06/02/2019 às 13:002 min de leitura

Tudo corria bem durante o período Cretáceo. Dinossauros gigantes, pequenos mamíferos e os parentes distantes dos pássaros viviam sobre o planeta Terra. Apesar da grande variedade de espécies, conhecidas hoje por meio de fósseis, quase todas desapareceram após uma grande extinção em massa.

Não existem certezas sobre a causa desse acontecimento, mas a teoria mais aceita é a do famigerado meteoro de proporções gigantescas, que caiu onde hoje se localiza a península de Yucatán, gerando uma explosão 1 bilhão de vezes maior do que a da bomba jogada sobre Hiroshima. O impacto foi só o início, pois as consequências que o seguiram foram devastadoras. Queimadas aconteceram por toda a superfície terrestre, seguidas por anos de um inverno intenso em que ocorriam chuvas ácidas.

Mesmo nesse cenário de caos e destruição, 30% dos seres vivos do planeta sobreviveram, e, graças a eles, existem a fauna e a flora como as conhecemos hoje. E o mais impressionante, todos os pássaros atuais podem ter se originado de animais que não conseguiam voar na época, segundo um estudo divulgado recentemente.

Destruidor de lares

Os pesquisadores procuraram evidências da destruição de florestas, ligadas ao desenvolvimento dos pássaros que conhecemos atualmente. Eles partiram desse ponto pois, após a queda do meteoro, esses ecossistemas foram exterminados de uma forma global, e os animais que precisavam de árvores para sobreviver foram extintos.

artigo, publicado no periódico Current Biology, precisou reunir um grupo de especialistas em diversas áreas da paleontologia para que todas as evidências fossem analisadas corretamente. Além de profissionais com conhecimento sobre aves, trabalharam na pesquisa paleobotânicos; através das suas observações, foi possível identificar claramente quando houve a destruição de grande parte das plantas existentes no planeta.

Antoine Bercovici foi um desses especialistas e examinou microfósseis do Cretáceo e do período que veio em seguida, o Paleogeno. Segundo ele, a quantidade de informação é imensa, viabilizando uma reconstrução minuciosa da alteração da flora ao longo do tempo. O que o pesquisador percebeu foi que, no limiar entre os dois períodos, houve uma predominância de samambaias no ambiente.

Isso se deve ao fato de esse tipo de planta se reproduzir por esporos em vez de sementes, o que a deixa em condição favorável durante eventos catastróficos. Hoje, quando uma floresta é incendiada ou uma região é atingida por erupção vulcânica, as samambaias são as primeiras que voltam a crescer no local, segundo explicou Regan Dunn, um dos autores do estudo. Elas dominaram a paisagem por um bom tempo, servindo de alimento para os vertebrados que sobreviveram em um período sombrio, de frio intenso e céu escurecido por cinzas.

Viver no chão não garantiu sobrevivência

O paleontólogo Daniel Field, da Universidade de Bath, estuda há tempos o quão devastadora foi essa extinção em massa. Com os resultados dessa pesquisa, ele espera chegar a novas conclusões; através de análises estatísticas de registros de fósseis, combinadas com os dados sobre as florestas, chegou-se ao entendimento de que pássaros que não viviam em árvores tiveram condições mais propícias à sobrevivência.

Isso também não garantiu nada, pois a alimentação e o tamanho do corpo também influenciaram nesse processo. Mesmo assim, ainda existem muitas questões que precisam de respostas. Por que os dinossauros foram extintos, mas os jacarés não? Como as tartarugas chegaram à época atual? Para os cientistas, é fascinante o fato de que esse evento removeu apenas 70% dos organismos, enquanto outros perduram até hoje.

O próximo passo será descobrir exatamente o que aconteceu com as florestas e como todos os outros seres vivos sobreviveram nesse ínterim, pois estima-se que elas levaram algo em torno de mil anos para começar a se recompor. Os pássaros se desenvolveram rapidamente após o evento, mas ainda não se sabe quando isso ocorreu e como surgiu a variação entre espécies.

Os pesquisadores consideram esse conhecimento importante porque compreender a evolução deles naquele período seria útil para projetar os efeitos do aquecimento global nas aves atualmente. Isso mostra que, apesar de resilientes, os ecossistemas também sofrem renovações de grandes proporções.

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