Seríamos menos saudáveis que nossos antepassados?

22/07/2018 às 06:003 min de leitura

Vivemos nossas vidas na frente de telas, comendo alimentos altamente industrializados e com o sedentarismo como regra. A solução para todos esses males do mundo moderno, que é apontado por muita gente como culpado por vários problemas de saúde, reflete bastante a realidade de nossos antepassados.

Eles também se sentavam, mas provavelmente não passavam 8 horas por dia nessa posição. Telas só existiam no sonho de algum lunático, e a comida precisava ser colhida ou caçada, através de esforço físico. Parece o mundo dos sonhos para muitos que pregam uma vida mais natural, mas remédios naturais e dietas paleo realmente fazem sentido? A resposta não é tão simples assim.

Genética das cavernas

Em 2017, pesquisadores do Georgia Tech analisaram amostras de DNA humano obtidas de diversas épocas, até 50 mil anos atrás. Os dados comparados levaram em conta trechos do código que são conhecidos atualmente por causar algumas doenças, para que fosse determinado o quão geneticamente saudáveis eles eram.

Os resultados mostraram que humanos que viveram há dezenas de milhares de anos realmente eram menos saudáveis, mas os que andaram sobre a Terra há mil anos possuíam um genoma com características melhores do que as dos nossos.

Algo a se considerar é que, se um humano que viveu há em cavernas era míope, tinha alergia a pólen ou alguma intolerância alimentar, provavelmente não sobreviveria tempo suficiente para se reproduzir. Conforme a medicina avançou, problemas como esses foram se tornando cada vez mais irrelevantes, e a reprodução de pessoas com essas características virou algo natural.

As análises foram feitas com base em doenças que existem atualmente, mas nada impede que houvesse outras na época. Pela seleção natural, hoje não conseguiríamos identificar algum mal capaz de ter dizimado parte da população na época. Isso provocaria distorção nos resultados, fazendo com que eles se parecessem mais saudáveis.

Apesar dessas questões, quando as amostras foram examinadas de forma abrangente, a conclusão foi de que possuímos as mesmas predisposições a doenças genéticas que nossos antepassados.

Estilo de vida

A genética pode influenciar, mas o estilo de vida também era totalmente diferente do nosso. Quando éramos caçadores-coletores, antes do desenvolvimento da agricultura, nossos dentes apresentavam muito menos cáries, pois o consumo de açúcar e carboidratos era bem menor  fato que os cientistas acreditam ter modificado as bactérias que vivem em nossa boca.

Esses mesmos alimentos podem ter levado ao aumento do número de pessoas que roncam, já que a mastigação se tornou mais fácil; com a diminuição considerável de nossas mandíbulas, a respiração acabou sendo dificultada como consequência.

E ao contrário do que muitos pensam, a expectativa de vida de nossos ancestrais não era tão menor que a nossa. O grande problema da época era passar pela infância, mas os que venciam essa barreira poderiam chegar aos 70 anos.

Dieta paleo

O segredo, então, seria se alimentar como eles, cortando todo tipo de grãos ou comendo tudo cru? Não existem grandes problemas em comer dessa forma, já que nosso corpo consegue se adaptar muito bem a diversos tipos de situações, mas diversos conceitos sobre como nossos antepassados comiam são equivocados.

Trigo e outros grãos começaram a ser plantados há 10 mil anos, e mesmo antes disso existem evidências de que humanos utilizavam raízes para a produção de farinha, há 30 mil anos. Além disso, estudos de sociedades caçadoras-coletoras modernas, mostram que não existe uma dieta ideal, e elas variam brutalmente.

Algumas são vegetarianas e se alimentam basicamente de carboidratos, enquanto outras obtêm suas calorias exclusivamente de proteínas e gordura. O antropólogo e biólogo da National Geographic William Leonard afirma que "o que nos torna humanos é a nossa capacidade de encontrar uma refeição em praticamente qualquer ambiente".

Situações como a domesticação de vacas, que tornou nosso corpo apto a digerir leite em idade adulta, foram acontecendo ao longo do tempo e moldando nosso organismo para que ficasse como é hoje. Quando passamos a cozinhar nossos alimentos, conseguimos facilitar a digestão e a absorção de nutrientes. Esse processamento foi essencial para o nosso desenvolvimento. Por isso, talvez somente o fato de prepararmos nossas próprias refeições, em vez de comprar produtos industrializados, seja a grande diferença que estamos procurando.

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