Estudos concluem que Via Láctea se chocou com galáxia anã ao se formar

24/07/2018 às 09:313 min de leitura

As origens da Via Láctea, assim como a do próprio Universo, ainda são grandes mistérios. O esforço para a obtenção de informações que expliquem essas questões é grande, mas as dimensões e a distância dos elementos analisados tornam o trabalho complicado.

Apesar disso, as pesquisas avançam em direção aos motivos de como tudo começou. O caminho ainda é longo, mas um dos últimos estudos publicados diz que a Via Láctea teve seu formato atual moldado pela colisão com uma galáxia anã.

Choque de gigantes

Na época em que a jovem Via Láctea ainda estava se desenvolvendo, há aproximadamente 10 bilhões de anos, ela sofreu um choque frontal intenso com outra galáxia menor. O evento alterou para sempre sua estrutura, moldando as grossas espirais que giram ao redor do centro, onde existe um buraco negro supermassivo.

Explicações sobre esse acontecimento foram descritas por dois novos estudos. Através da análise de informações obtidas pelo telescópio espacial Gaia, da Agência Espacial Europeia, os pesquisadores trabalharam como arqueólogos espaciais, peneirando os dados para explicar como a galáxia foi influenciada pelo choque.

A alta precisão do telescópio na captura de informações foi essencial, pois, além de localização e movimentos, ele registra intensidade do brilho, temperatura, idade e composição das estrelas. Isso tornou possível identificar algumas delas que possuem características anormais para a região onde se localizavam, indicando que chegaram até ali por outros meios. A astrofísica da Universidade Columbia, Kathryn Johnston, conta que “os resultados do Gaia realmente nos permitem ver coisas na galáxia que suspeitávamos, mas não tínhamos realmente visto até agora”.

Os indícios de que um evento como esse ocorreu sempre existiram, mas não havia dados precisos o suficiente para uma análise confiável. Vasily Belokurov, astrônomo da Universidade de Cambridge e líder de uma das duas equipes que analisaram o choque, explica que “existem detritos em todos os lugares. Eles basicamente estão ao nosso redor nesse momento”.

Esse material se move de forma diferente da maioria, não obedecendo ao sentido de rotação da galáxia, se deslocando em direção ou contra seu centro. Ele também é rico em metais, descrição utilizada para determinar a composição de uma estrela quando é formada por materiais mais pesados que hidrogênio, hélio ou lítio.

A composição, aliada à órbita incomum, são indícios de que essas estrelas são fruto de uma antiga colisão. A situação pode ser comparada a quando você joga uma pedra em um lago. As agitações na superfície, geradas pelo lançamento, levam um tempo até se dissiparem. Algo semelhante ocorreu com a Via Láctea; a diferença é que essas ondulações ainda estão aparentes, devido às dimensões dela.

Através de modelos computacionais, a equipe de Belokurov montou diversos cenários, dos mais conservadores aos mais extremos. A conclusão deles foi de que sim, uma galáxia anã pode ter se chocado com a Via Láctea há 10 bilhões de anos e modificado sua estrutura.

O outro grupo de pesquisadores, liderado pela astrônoma Amina Helmi, da Universidade de Gronigen, na Holanda, focou a análise na composição das estrelas que apresentavam discrepâncias. Com isso, eles concluíram que as regiões mais internas da Via Láctea possuem indícios de detritos gerados em um antigo impacto entre galáxias, batizado de Gaia-Enceladus.

Questão de longa data explicada

A confirmação dessa colisão pode explicar a separação do disco da galáxia em duas partes: uma mais densa e fina, englobada por outra, mais espessa e difusa. Não se sabe como tudo foi formado, mas talvez parte delas tenha origem em outra galáxia ou interagiu com corpos próximos e migrou para fora com o tempo.

O trabalho de ambos sugere que, na verdade, a colisão Gaia-Enceladus ejetou estrelas do disco mais fino para o grosso. Segundo Belokurov, “se essa colisão aconteceu com a jovem Via Láctea, então danificaria o disco estelar, esmagando e enviando estrelas até altos níveis galácticos”.

Apesar de elucidar algumas questões, a investigação sobre a formação da Via Láctea continua. “Não entendemos a importância do impacto sozinho, mas agora temos uma possível explicação para a criação do disco espesso”, finaliza Johnston.

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