Cientistas propõem fascinante teoria para explicar antigas covas coletivas

03/08/2018 às 09:302 min de leitura

Incontáveis sepulturas coletivas já foram descobertas pelo mundo e, enquanto a existência de um bom número delas pode ser explicada por meio da ocorrência de epidemias, guerras e até realizações de rituais e sacrifícios sangrentos, muitas não se encaixam em nenhuma dessas possibilidades, representando um mistério para os arqueólogos. No entanto, um time de cientistas apresentou uma proposta fascinante que pode ajudar a solucionar essa questão.

Desastres naturais

De acordo com Carly Cassella, do site Science Alert, os pesquisadores — do Instituto de Pesquisas PANGEA, da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, e da Universidade de Oxford, na Inglaterra — encontraram evidências que sugerem que as pessoas de algumas covas comuns encontradas em regiões litorâneas morreram vítimas de grandes tsunamis. E como é que eles chegaram a essa conclusão?

Embora os povos que viveram na pré-história não tenham deixado documentos escritos, foram encontrados vestígios da ocorrência de incontáveis calamidades naturais ao longo dos milênios, incluindo terremotos, desastres que levaram a variações climáticas extremas e, claro, tsunamis. Contudo, curiosamente, jamais foram descobertas sepulturas coletivas de pessoas que tenham perecido durante esses eventos.

Região devastada por tsunamiRegião devastada por um tsunami (National Geographic)

Em seu estudo, os pesquisadores examinaram covas coletivas situadas em Vanuatu e nas Ilhas Salomão, ambas localizadas no Pacífico Sul, e nas ilhas Orkney e Shetland, que ficam no norte da Escócia, cuja existência foi associada à ocorrência de doenças e conflitos. O interessante é que há registros geológicos de que essas áreas todas foram atingidas por tsunamis ao longo de sua história — e os cientistas descobriram que as datas em que as sepulturas foram criadas coincidem com a chegada das ondas gigantes.

Mas os pesquisadores não pararam por aí: eles criaram modelos baseados nos tsunamis que atingiram a Indonésia e o Japão para determinar como a população lida com as vítimas desses desastres e, apesar de cada evento ter suas peculiaridades — o que aconteceu no Índico em 2004 deixou 230 mil mortos, e o do Japão, de 2011, quase 16 mil —, a maneira como os sobreviventes lidam com os falecidos coincide em diversos aspectos.

Ondas assassinas

Um dos aspectos que tornam os tsunamis tão letais é que eles são eventos raros e, portanto, não inibem a ocupação humana em regiões litorâneas — e nem eram uma preocupação dos arquitetos do passado na hora de estabelecer comunidades e construir cidades. Além disso, quando eles ocorrem, isso geralmente se dá sem aviso prévio e, portanto, as ondas gigantes quase sempre pegam todo mundo de surpresa, daí o grande número de mortos que elas provocam.

Com isso, as populações afetadas por tsunamis são obrigadas a lidar com os corpos rapidamente e acabam não tendo muito tempo para se preocupar com questões culturais e costumes funerários — sem falar que, na pressa, animais domésticos e peixes também terminam sendo sepultados com os humanos.

Esqueletos humanosEsqueletos antigos encontrados em uma cova coletiva — imagem ilustrativa (CVLT Nation)

As covas coletivas que os pesquisadores examinaram trazem características que se encaixam com esses fatores — e os cientistas acreditam que análises nos corpos descobertos podem confirmar suas suspeitas. Isso porque, as mortes relacionadas com tsunamis costumam acontecer por asfixia, devido aos sedimentos presentes na água, por afogamento, por impacto e por infecções resultantes de ferimentos abertos e não tratados.

O próximo passo será examinar os esqueletos em busca de evidências que comprovem que as pessoas das sepulturas coletivas realmente são antigas vítimas de tsunamis e, se os resultados forem positivos, a descoberta pode ajudar os arqueólogos a reinterpretar como a ocupação humana nas regiões costeiras se deu na pré-história e mudar a forma como os pesquisadores analisam a cultura e a forma como as pessoas viviam nessas áreas no passado.

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