Saiba como evoluíram os banheiros utilizados pelos astronautas

03/07/2019 às 03:003 min de leitura

Quem não gostaria de se tornar um astronauta? É tentadora a proposta de fazer parte da história e, ainda por cima, apreciar lindas vistas do nosso planeta em uma posição privilegiada. Mas se engana quem pensa ser simples a carreira para se tornar uma das poucas pessoas que, em nossa época, passaram pela estação espacial.

E não estamos falando apenas dos treinamentos e anos de estudo preliminar, que já são bem desafiadores. No espaço o peso é algo considerado a todo momento, pois isso influencia diretamente a otimização de espaços e utensílios; afinal, quanto maior a massa da espaçonave, mais combustível é necessário para que ela seja colocada em órbita.

Nessa busca pela redução de peso, as primeiras missões não possuíam banheiro, e a evolução da questão foi acontecendo aos poucos. Hoje, com a permanência de pessoas por meses dentro da Estação Espacial Internacional, as condições se assemelham, na medida do possível, às encontradas na Terra.

Mas não podia esperar?

Com a dura missão de colocar pessoas no espaço antes dos soviéticos, graças à Guerra Fria, a NASA acabou deixando de lado questões menos importantes durante o desenvolvimento de suas primeiras espaçonaves. Tanto que, em 1961, o primeiro astronauta norte-americano que entrou em órbita precisou molhar as calças durante a missão. Como a previsão de duração do voo era de 15 minutos, isso não seria um problema, mas ninguém se deu conta de que a espera na plataforma de lançamento seria de horas.

Após o ocorrido, os engenheiros perceberam que a implementação de uma forma de ir ao banheiro era essencial, mas a solução não era tão fácil quanto parecia. A primeira tentativa consistia em um reservatório de silicone, semelhante a uma camisinha, que era conectado a um sistema que armazenava o líquido expelido. Além de não ser um sistema eficiente, não considerava a possibilidade de utilização por uma mulher.

O sistema foi testado pela primeira vez na missão Mercury Atlas 6, quando o astronauta John Glenn permaneceu em voo por 4 horas e 55 minutos. Os desafios aumentaram quando o tempo passou de horas para dias, levando ao desenvolvimento de recursos para que os astronautas pudessem defecar. Melhor do que nada, a solução mais prática foi acoplar sacos às nádegas dos astronautas.

“Após a defecar, o tripulante era obrigado a selar a bolsa e amassá-la para misturar um bactericida líquido ao conteúdo, fornecendo o grau desejado de estabilização das fezes”, explica a NASA. “Como essa tarefa era desagradável e exigia uma quantidade excessiva de tempo, geralmente eram usados alimentos com baixo teor de resíduos e laxantes antes do lançamento.”

Durante a missão Apollo  que, com o cumprimento de um seus objetivos principais, colocou um homem na Lua , foi utilizada uma solução um pouco mais desenvolvida, mas com o mesmo conceito de sacos. Eles não eram lançados no espaço, tanto que foi possível registrar os dados de cada ida ao banheiro dos astronautas  os quais podem ser acessados por qualquer pessoa. Nem sempre o sistema funcionava, tanto que durante a missão Apollo 10 o astronauta Tom Stafford, certa vez, disse assustado: “Alguém me alcance um guardanapo, tem um cocô flutuando ao meu lado”.

Para os períodos em que os astronautas estavam foram da espaçonave, era utilizado um sistema chamado de “sistema de contenção fecal”, que consistia em uma cueca com camadas de material absorvente. Sim, parece apenas um nome mais elaborado para fraldas.

Ônibus espacial e a evolução do banheiro

Com o desenvolvimento do ônibus espacial, a adoção de soluções mais eficazes se fez necessária. Mulheres foram incluídas na lista de astronautas, e sistemas específicos foram desenvolvidos para elas, como essa bermuda para contenção de urina.

Além disso, o ônibus foi equipado com um banheiro de 50 mil dólares, chamado de Sistema Coletor de Resíduos, que podemos ver na imagem abaixo. Acertar a mira era um desafio, já que a abertura destinada ao resíduos possuía apenas 10 centímetros de diâmetro, um quarto da abertura de um vaso sanitário convencional. Para que a pontaria fosse aprimorada, eles treinavam a ação em Terra, utilizando até mesmo câmeras para um melhor direcionamento.

Atualmente, na Estação Espacial Internacional, as coisas são um pouco mais fáceis. A abertura tem o diâmetro de um prato, e um sistema a vácuo suga os excrementos de forma eficiente, facilitando a correta destinação do material.

As fezes continuam sendo armazenadas em sacos plásticos, mas posteriormente são posicionadas em uma região específica do compartimento de carga, onde são queimadas ao entrarem novamente na atmosfera terrestre.

A astronauta aposentada Peggy Whitson, que permaneceu por um tempo recorde de 665 dias no espaço, disse recentemente que ir ao banheiro era a pior parte de se trabalhar em gravidade zero.

Vislumbrando o futuro

Com o avanço da exploração espacial, os cientistas começaram a cogitar a possibilidade de se manterem por dias no traje espacial de trabalho externo, criando a necessidade de defecar nessa situação.

Para tentar resolver a situação criativamente, a NASA promoveu um concurso em que premiou a melhor solução para o problema, que pode ser vista na imagem acima. O sistema se baseia em uma pequena porta de acesso na virilha, à qual vários sacos ou tubos podem ser conectados para coletar os excrementos. Essa não foi a única solução viável, e outras ainda estão em processo de análise pela agência espacial, mas pelo jeito as idas ao banheiro no espaço continuarão sendo um suplício, pelo menos nos próximos tempos.

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