Ming, o animal mais velho já encontrado e que foi morto por cientistas

13/10/2018 às 10:002 min de leitura

Em 2006, um grupo de pesquisadores da Universidade de Bangor, no Reino Unido, decidiu recolher uma série de moluscos dos mares da Islândia para estudar os efeitos das mudanças climáticas na fauna local. Pelo menos 200 exemplares de bivalves islandeses (Arctica islandica)— espécie da mesma classe dos mexilhões, as amêijoas e as conquilhas — foram coletados e levados para os laboratórios de Bangor.

Bivalves sempre conhecidos por sua longevidade, não sendo incomum encontrar seres com mais de 100 anos de idade. Também é relativamente fácil descobrir quantos anos essa criatura tem: basta contar os “anéis” presentes em suas conchas.

E foi assim que os cientistas identificaram um exemplar único, que ficou conhecido como Ming — nome dado pelos jornalistas em homenagem ao período histórico chinês no qual ele nasceu. Internamente, nos centros de pesquisas, seu apelido era Hafrún, nome feminino que pode ser traduzido literalmente como “o mistério do oceano”.

Uma breve análise de Ming revelou que o molusco devia ter entre 405 e 410 anos. Porém, para estudar os bivalves de forma apropriada, é necessário rachar suas conchas para colocá-las em um microscópio — e, mesmo com muitos protestos por parte da comunidade internacional, eles decidiram abrir o animal para contabilizar seus anéis com exatidão. E foi assim que Ming, o ser vivo mais velho já encontrado, foi morto acidentalmente.

Após desmembrar o exemplar, os cientistas descobriram que o bivalve tinha, na verdade, 507 anos na ocasião de sua morte. Ele teria nascido em 1499, e, se estivesse vivo até hoje, estaria completando 519 anos. Isso significa que Ming “viu” Cristóvão Colombo desembarcando na América, “presenciou” a Reforma Protestante liderada por Martinho Lutero e “acompanhou” outros diversos momentos históricos nos mares islandeses.

Não foi em vão

Embora a morte de Ming (e dos outros bivalves que foram recolhidos para a pesquisa) seja um incidente triste e até mesmo revoltante, os cientistas que ajudaram a Universidade de Bangor a fazer a “recontagem” afirmam que os restos mortais do molusco são cruciais para entender as mudanças climáticas, vistos que os padrões dos anéis podem revelar mudanças na temperatura do oceano ano-a-ano.

Além disso, James Scourse, um dos responsáveis pelo “assassinato científico”, relembra que quase todos os amêijoas (que são comumente servidos em sopas na culinária da Inglaterra) possuem idade avançada; logo, se você já se serviu de um desses moluscos, é capaz que tenha comido algum animal com idade próxima à de Ming.

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