Assim como seres humanos, gorilas passam por luto, dizem cientistas

15/04/2019 às 10:012 min de leitura

Gorilas choram pelos mortos e fazem funerais, assim como nós. Foi o que concluíram pesquisadores do Dian Fossey Gorilla Fund; da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos; da Universidade de Uppsala, na Suécia; e do Instituto Congolês para a Conservação da Natureza.

Até então, acreditava-se que os seres humanos eram os únicos a ter um conceito de morte. A pesquisa, publicada no Journal of Life and Environmental Sciences, observou um grupos de gorilas após três mortes; em todas, eles se reuniram em torno do corpo e o prepararam para uma espécie de velório.

Créditos: Pixabay

Titus, um alfa de 35 anos, e Tuck, uma fêmea de maior hierarquia, com 38 anos, viviam no Parque Nacional dos Vulcões, em Ruanda. Quando Titus morreu, Ihimure, um macho do grupo que era próximo a ele, permaneceu a seu lado durante 2 dias e até mesmo dormiu perto do cadáver.

No caso da fêmea Tuck, foi seu filho, Segasira, quem deu os sinais de luto: arrumou o corpo e tentou mamar durante vários segundos, apesar de já ter sido desmamado. Segundo os primatologistas, o gesto poderia indicar um sentimento de angústia e um comportamento chamado de lactância de consolo, que acalma o animal ao estimular a liberação de ocitocina, um hormônio que tem efeitos inibidores de estresse. Urwibutso, o outro filho de Tuck, teve uma reação mais violenta: gritou e bateu no peito da mãe, indicando frustração por fracassar ao tentar despertá-la.

A equipe também estudou um grupo de gorilas-de-grauer que encontrou o cadáver de um macho adulto que não fazia parte do grupo, no Parque Nacional Kahuzi-Biega, na República Democrática do Congo. Apesar de não terem relação com o falecido, os gorilas se reuniram em torno do corpo, observaram, cheiraram e o lamberam por mais de 15 minutos — um dos integrantes cuidou do morto por longos períodos.

Para os pesquisadores, o comportamento do grupo tem várias interpretações, de curiosidade a compaixão e pesar. Eles explicam que, além de fornecer algumas ideias de como esses animais reagem e processam o fenômeno da morte, o estudo indica algumas implicações desse comportamento para a conservação das espécies, já que os cadáveres apresentam risco de transmissão de doenças entre os indivíduos, como ebola; a taxa de mortalidade entre os gorilas que entram em contato com o vírus chega a 95%.

Amy Porter, cientista líder da pesquisa, ressalta que as atitudes observadas reafirmam a tese de que os seres humanos não são os únicos a sofrer com a morte: “Mas ainda não está claro se os comportamentos que observamos em torno dos cadáveres nesses três casos são uma resposta comum em todos os gorilas”, finaliza.

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