Cérebro pode ser capaz de se reconectar após lesões traumáticas

13/11/2019 às 14:302 min de leitura

O cérebro humano é tão complexo que diariamente surgem novas teorias, estudos e pesquisas que têm como objetivo desvendar os mistérios que ele guarda, como funciona, como é estimulado e como é capaz de se adaptar. Depois de encontrar, em animais, alguns indícios de que ele pode ser capaz de se reconectar mesmo após lesões traumáticas, um grupo de pesquisadores visualizou o mesmo resultado em pessoas. Ou seja, segundo o estudo, o cérebro humano pode se reorganizar e reconectar funcionalmente após uma pessoa sofrer uma lesão corporal traumática.

Scott Frey, presidente de neurociência cognitiva do departamento de ciências psicológicas da Universidade do Missouri, onde o estudo foi desenvolvido, explicou que existem áreas específicas no cérebro para cada lado do corpo. “Quando uma pessoa toca algo com a mão direita, a área da mão específica no lado esquerdo do cérebro acende. Uma reação semelhante, mas oposta, acontece com a mão esquerda. Mas quando alguém perde a mão, descobrimos que as duas 'áreas da mão' do cérebro — esquerda e direita — se dedicam à mão saudável restante. Este é um exemplo impressionante de reorganização funcional ou plasticidade do cérebro humano”, exemplificou.

O estudo foi desenvolvido pelos pesquisadores que utilizaram a ressonância magnética funcional para escanear o cérebro de 48 pessoas — 19 haviam perdido a mão. Eles criaram um sistema baseado em ar, controlado por computador, para proporcionar um leve toque nas mãos e no rosto. Ao analisar os resultados, os pesquisadores observaram que quando o cérebro é privado de informações de uma mão perdida, ele automaticamente reorganiza seu mapa neural e redireciona as funções para a mão que restou.

Cientistas estudam o cérebro para ajudar no desenvolvimento de próteses

A descoberta, ressaltou Frey, pode ajudar médicos e cientistas a compreenderem melhor os mecanismos escondidos ligados à plasticidade do cérebro quando acontece uma lesão corporal traumática, como nos casos dos veteranos de guerra que sofrem graves ferimentos no campo de batalha.

(Fonte: Freepik)

“Podemos pensar nas áreas do cérebro que processam as sensações de nosso corpo como sendo organizadas como um mapa com territórios separados, dedicados a regiões específicas do corpo, como mãos, rosto ou pés”, salienta ele, que também dirige o Laboratório de Neurociências de Reabilitação.

Frey disse ainda que há muito tempo se sabe que lesões, como amputações, alteram a organização do mapa cerebral, fazendo com que no caso da perda de um membro, por exemplo, as funções sejam parcialmente ocupadas pelas vizinhas no mapa, o que já seria uma forma de plasticidade do cérebro. “Este trabalho demonstra que essa plasticidade também ocorre através de grandes distâncias entre os hemisférios esquerdo e direito do cérebro”, complementou.

Agora, outros trabalhos estão sendo desenvolvidos para determinar se essas mudanças afetam o modo como os amputados experimentam sensações e de que maneira se daria essa alteração. Um dos objetivos dos pesquisadores é de que os resultados possam ajudar a desenvolver próteses capazes de fornecer a experiência do toque aos usuários.

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