Pesquisadores recuperam DNA antigo em lago do Ártico

17/12/2019 às 07:002 min de leitura

Não é de hoje que um pequeno lago chamado CF8, na ilha de Baffin, no alto do Ártico canadense, é alvo de expedições de cientistas em busca de pólen antigo e fósseis vegetais. Mas agora, a riqueza encontrada é ainda maior: DNA antigo.

Os pesquisadores encontraram, em meio a lama, o DNA de um período de cerca de 125 mil anos atrás, época em que o Ártico era muito mais quente do que hoje. Sarah Crump, paleoclimatologista da Universidade do Colorado em Boulder, se diz confiante de que os resultados que estão sendo obtidos são autênticos.

Embora a descoberta ainda necessite de confirmação, pode abrir uma janela para os ecossistemas que floresceram no Ártico quando as temperaturas eram mais quentes. Além disso, poderia mostrar como essas plantas reagiram às mudanças climáticas anteriores, podendo sugerir como responderão no futuro. “Estamos agora no ponto em que este é um sinal realmente útil para reconstruir a biodiversidade”, ressalta Ulrike Herzschuch, paleoecologista do Alfred Wegener Institute, na Alemanha. O cientista também utiliza a técnica para estudar como reagiram as florestas da Sibéria após o fim da última era glacial.

DNA encontrado em lago pode ajudar a entender comportamento de ecossistemas - Foto: Zach Montes/Orijin Media

As temperaturas frias do Ártico ajudam na preservação do DNA, atraindo diversos geneticistas e geocientistas. Os lagos do Ártico se tornaram os principais arquivos de DNA antigo sedimentar porque podem dar pistas sobre ecossistemas inteiros. Ele brota das células por decomposição e, depois, se liga a grãos minerais ou compostos orgânicos que oferecem proteção contra a radiação ultravioleta e a oxidação. Além disso, as temperaturas baixas mantêm o DNA estável.

O DNA sedimentado do lago pode refletir com mais precisão quais eram as plantas e a vida selvagem que existiam no local.

Coleta, extração e amostragem de DNA são tarefas difíceis

Extrair o DNA não é tarefa simples. É preciso coletar uma amostra de cerca de um grama de lama com cuidado para não contaminá-lo com o DNA moderno. Depois disso, ele é extraído em um processo meticuloso de tentativa e erro.

A equipe de pesquisa criou uma biblioteca de referência genômica completa para as plantas do Ártico, com cerca de 2 mil espécies. Com o banco de dados pronto, eles estão realizando amostragens para examinar e estudar os papéis desempenhados pelo clima na evolução ou extinção do ecossistema.

Os primeiros resultados desafiam a ideia de que as mudanças climáticas foram responsáveis por uma rotatividade de espécies e plantas. Até agora, as amostragens mostram que, em alguns casos, as espécies se adaptaram ao clima alterando suas características.

Para tentar entender o destino dos ecossistemas no futuro, em um clima ainda mais quente, os pesquisadores pretendem encontrar outros registros antigos de DNA da época do Eemiano. O mais antigo que se tem notícia é de 70 mil anos, na Sibéria, e está muito bem preservado. “Não vemos um sinal claro de deterioração em algum lugar”, diz Herzschuh.

O campo de pesquisa avança a passos largos e, para ela, não está muito longe de rastrear a própria evolução ao longo do tempo.

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