O intrigante caso do Astronauta de Solway Firth

20/07/2020 às 14:003 min de leitura

Em 23 de maio de 1964, o bombeiro Jim Templeton, morador da cidade de Carlisle, no norte da Inglaterra, levou a filha Elizabeth Templeton, de 5 anos de idade, para uma viagem a Burgh Marsh, que tem vista para Solway Firth, fronteira entre o condado de Cumbria e Dumfries-Galloway. Segundo o homem, naquela tarde ensolarada de verão havia apenas duas idosas sentadas em um carro no outro extremo do vasto campo.

"Fomos a um passeio normal e escolhemos nosso lugar. Depois que nos sentamos na grama, eu disse à minha filha: 'Agora vou tirar algumas fotos suas com o vestido novo'. Nunca esperei que isso fosse acontecer", relatou Templeton em uma entrevista à BBC em 2011. Ele estava se referindo ao ser de costas em uma espécie de uniforme branco e capacete com viseira escura que apareceu no fundo das fotos que tirou da filha.

Assustado, Templeton levou as imagens até a polícia de Carlisle, que concluiu que não havia nada de suspeito nelas. Ainda assim, o material revelado foi entregue pelos policiais ao jornal Cumberland News, que viralizou as fotos para o mundo.

O mistério de Solway Firth

(Fonte: Pinterest/Reprodução)
(Fonte: Pinterest/Reprodução)

A equipe de jornalismo veiculou a fotografia com a manchete "O astronauta de Solway Firth?". Ufólogos que se interessaram pelo caso que começava a ferver concordaram com o que a mídia falava: de fato, parecia um astronauta parado atrás da garotinha.

Rapidamente, repórteres entraram em contato com Templeton para entrevistá-lo no intuito de se certificarem de que não havia mais ninguém com eles no dia. Mas o homem afirmava que no campo todo só havia as duas idosas sentadas que viram quando chegaram no local. 

Uma vez que a fotografia foi tirada com uma câmera Kodak, a empresa chegou a emitir uma declaração oficial depois de analisar as imagens, confirmando que aquilo não era fruto de manipulação ou falha mecânica, o que só fez aumentar o alvoroço em relação ao caso.

Além de lidar com um tipo de jornalismo cada vez mais curioso e invasivo, não demorou muito para que Templeton começasse a receber cartas de todo o mundo. Algumas pessoas apontavam um espírito, outras acreditavam que Jim ou a filha possuíam poderes psíquicos dos quais não tinham conhecimento.

Conspiração e ufologia

(Fonte: TravelMag/Reprodução)
(Fonte: TravelMag/Reprodução)

A situação começou a ficar séria quando agentes do governo, descritos por Templeton como "dois homens de preto", pediram para serem levados por ele até o exato local onde a foto foi tirada. A todo momento, os homens se referiram um ao outro apenas como Número 9 e Número 11.

Quando a imagem foi estampada na capa de um jornal australiano, outro tipo de especulação endossou as teorias: a suspensão do lançamento planejado de um míssil em Woomera (Austrália Meridional) depois que técnicos relataram ter visto dois homens no perímetro.

Isso aconteceu apenas dias depois de os noticiários dizerem ter capturado um objeto voador não identificado (OVNI) nos céus da cidade e do outro lado do mundo Jim Templeton ter fotografado a sua garotinha. Ironicamente, o míssil chamado Blue Streak foi construído na RAF Spadeadam, em Cumbria, mesmo condado onde a foto foi tirada.

Após muitas campanhas de ufólogos para que a inteligência do governo britânico investigasse a imagem, o Ministério de Defesa lançou um comunicado afirmando que a fotografia não era de interesse deles.

Desvendando um mistério

(Fonte: OnStellar/Reprodução)
(Fonte: OnStellar/Reprodução)

Com a tensão que a Corrida Espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética estabelecia, o caso roubou o holofote de qualquer notícia e travou o maxilar de muitas autoridades, que não encontravam explicação para o fenômeno e optavam pelo silêncio como o melhor tipo de pronunciamento que poderiam dar.

Quando a foto de Templeton caiu em domínio público, as décadas seguintes serviram para que especialistas pudessem fundamentar explicações mais plausíveis para ela. Para David Clarke, escritor pós-graduado em Folclore, o astronauta na verdade era o reflexo de Annie Templeton, esposa do fotógrafo, que estava presente na ocasião, mas teria sido omitida da narrativa.

Segundo o especialista, provavelmente ela apareceu na imagem, mas, como a câmera só focava 70% do ângulo, o homem pode não ter percebido sua presença. "Parecia um triângulo de luzes, claramente o reflexo da lente", revelou Clarke. Ele concluiu que a mulher deveria estar usando um vestido azul claro que, ao ser exposto à câmera, mudou para branco. Em adição a isso, os cabelos escuros e curtos de Annie não teriam sido capturados pelas lentes.

(Fonte: BBC/Reprodução)
Jim Templeton. (Fonte: BBC/Reprodução)

"Desde a invenção da fotografia, existem fotos de anjos, fadas e espíritos. Todas elas foram adulteradas ou muito bem explicadas pelo reflexo que a lente da câmera causou. Seja como for, alimentaram um maior espiritualismo no século XIX", reforçou o especialista. "Se Jim tivesse tirado a foto em 1864, ele a teria levado a uma igreja, e eles teriam dito que era um fantasma. Não passa de um produto de questões culturais de uma época".

Sara Spellman, presidente da Associação para o Estudo Científico de Fenômenos Anômalos (ASSAP), concorda que a fotografia seja o produto de seu tempo e que Templeton tenha acertado em se apoderar da tensão da Corrida Espacial e dos temas e das tradições dos OVNI que predominavam nas décadas de 1950 e 1960.

Mesmo após quase 60 anos de muito material investigativo, o Astronauta de Solway Firth, como ficou conhecido, permanece um estranho mistério.

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