Entenda por que é que os supervilões sempre perdem nos filmes e nos livros

13/09/2018 às 02:004 min de leitura

Já reparou como praticamente todas as histórias de aventura que você já viu – vale tudo: de cinema a literatura – seguem um padrão que envolve mocinhos e vilões se digladiando e procurando alcançar seus objetivos? A diferença é que somente um deles vai ter um final glorioso: o bom menino, é claro. De Darth Vader a Smaug, é possível perceber que o padrão prevalece, mas você já se perguntou por que isso ocorre?

A primeira resposta é a mais fácil e também a mais usada: os mocinhos sempre vencem as batalhas porque estão do lado do bem e só fazem o bem; e os vilões perdem suas batalhas porque fazem coisas ruins e parecem prestar serviços ao Tinhoso. Tudo bem, não há nada errado com essa explicação, mas será que é só isso mesmo?

Uma questão de saúde?

Fonte da imagem: Reprodução/fact

Uma pesquisa publicada em um jornal australiano de medicina, feita por Dr. Nicholas Hopkinson e seu filho Joseph Hopkinson, concluiu que o motivo do fracasso dos vilões pode ser bem diferente do que você imaginava: falta de nutrientes.

Os dois usaram como fonte de estudo as obras de J. R. R. Tolkien “O Senhor dos Anéis” e “O Hobbit”. De acordo com eles, os dois livros de Tolkien trazem os vilões vivendo em locais repletos de escuridão, além, é claro, de condições sanitárias e alimentícias nada ideais, convenhamos.

As histórias de Tolkien se passam em cenários frios, úmidos, sombrios, com alguns trechos de pouca vegetação. É nessa situação que os personagens precisam lutar, correr e tentar sobreviver – os bonzinhos também passam por esses perrengues, é claro, mas eles não vivem o tempo todo nesses ambientes inóspitos.

Vitamina D, cadê você?

Fonte da imagem: Reprodução/planetadisney

A falta de sol, realidade de quem vive em montanhas sombrias, causa deficiência de vitamina D e, de acordo com os estudos dos Hopkinson, essa substância auxilia o metabolismo do cálcio e, quando fica muito tempo em falta, pode causar raquitismo e complicações ósseas. Além disso, a vitamina D é capaz de diminuir a suscetibilidade a condições como esclerose múltipla, tuberculose e outras doenças pulmonares.

Essas consequências de falta de vitamina D explicariam situações que você já viu com olhos duvidosos e se perguntou algo do tipo “Como é que anões seriam tão fortes a ponto de lutar com orcs?”. A resposta seria: os orcs, apesar da aparência medonha e do porte físico assustador, teriam estruturas ósseas fracas, comprometidas pela falta da vitamina D. Consequentemente, apresentariam menor resistência e, portanto, perderiam algumas batalhas com facilidade.

Faz sentido para você?

Fonte da imagem: YouTube

Os autores do estudo explicam que mais pesquisas precisam ser feitas para tentar descobrir se essa deficiência de vitamina D foi algo planejado por Tolkien, em um primeiro momento – e depois, é claro, por outros autores, afinal a literatura e o cinema estão cheios de vilões sombrios.

Se você acha essa história de vitamina D muito aquém de suas expectativas e ainda espera outra teoria que explique a vitória quase certa dos mocinhos e a derrota avassaladora dos vilões, saiba que ela existe e é amplamente usada principalmente por escritores, roteiristas, críticos literários e de cinema, e até mesmo jornalistas, quando escrevem narrativas longas dentro do que é conhecido como Jornalismo Literário.

A receita da jornada

Fonte da imagem: Reprodução/Goodfon

O responsável por essa teoria é o pesquisador Joseph Campbell, que elaborou uma teoria conhecida como “Jornada do Herói”, na qual ele disseca os passos de formação do herói e, consequentemente, de sua vitória sobre os malvadões.

Em um livro chamado “O Herói de mil Faces”, Campbell discorre a respeito da formação mística de vários personagens e, a partir dessas análises, percebeu-se que a “receita” é e sempre foi bastante usada. Se você por acaso tem vontade de se tornar um escritor, conhecer esses passos pode ser de grande ajuda; mas se você é apenas mais um curioso de plantão, saber quais são esses passos pode deixar você cada vez mais espertinho e fazê-lo compreender melhor as histórias que lê ou vê nas telas do cinema. Vamos ao bê-á-bá, então:

1 – Mundo comum: é a ambientação, ou seja, o momento quando o autor mostra ao leitor como é o cotidiano dos personagens. Em “O Hobbit”, a história começa mostrando o Condado de Bilbo;

2 – Chamado à aventura: o herói precisa sair de seu mundo comum inesperadamente. No caso da obra de Tolkien, Gandalf surge e chama Bilbo para uma aventura;

3 – Recusa ao chamado: está tudo bem na vida pacata do herói, e ele prefere continuar assim. Bilbo diz que não é respeitável um hobbit sair em busca de aventuras;

Fonte da imagem: Reprodução/thetakeaway

4 – Encontro com o mentor: o herói vai procurar alguém mais experiente, que possa dar bons conselhos. O mentor, no caso de “O Hobbit”, é Gandalf, que acaba convencendo Bilbo a acompanhá-lo;

5 – Travessia do umbral: é quando o herói resolve mergulhar em um mundo completamente diferente. Bilbo encontra alguns trolls na floresta, tenta descobrir mais sobre eles e roubá-los;

6 – Testes, aliados e amigos: a maior parte da história se desenvolve aqui, quando o herói conhece outras terras além das suas e vive mais aventuras – ele vai passar por testes e precisar de ajuda. Bilbo passa pela cidade dos elfos, corta as Montanhas Sombrias, a Floresta das Trevas e a Cidade dos Vales;

Fonte da imagem: Reprodução/Teoriacriativa

7 – Aproximação do objetivo: o herói está prestes a conseguir o que deseja, mas haverá muita tensão. Bilbo chega à Montanha Solitária, onde está Smaug e sua fortuna;

8 – Provação máxima: aqui o herói vai vivenciar tudo com muita intensidade. Em “O Hobbit”, é o diálogo de Bilbo, sozinho e pequeno, com Smaug, o imenso e poderoso dragão;

9 – Conquista da recompensa: o nome diz tudo; o herói foi valente e alcançou sua meta. É quando Bilbo retira Smaug da montanha e o entrega aos moradores de Cidade do Lago;

Fonte da imagem: Reprodução/Bolly2holly

10 – Caminho de volta: o herói precisa voltar ao seu mundo original; é geralmente a parte mais curta da história;

11 – Depuração: se algo está mal resolvido, é a hora de o herói dar um jeito nisso. No caso da história de Tolkien, é o momento da famosa Batalha dos Cinco Exércitos, quando anões, orcs, lobos selvagens, elfos e homens da Cidade do Lago lutam;

12 – Retorno transformado: o herói tem sua vida mudada depois de todas as suas experiências, e volta para casa se sentindo outra pessoa. Bilbo retorna ao lar e escreve um livro sobre suas aventuras.

*Publicado em 2/1/2014

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