Como é possível que uma pessoa ame um robô?

01/02/2016 às 07:283 min de leitura

Empatia é, certamente, um dos sentimentos que mais nos humanizam. Quando nos colocamos no lugar do outro, conseguimos entender melhor o que se passa com aquela pessoa e, além de tudo, passamos a entender que o universo de cada indivíduo é formado pelas experiências que ele teve e pela forma como essas experiências o afetaram – perceber isso é fundamental para entendermos por que algo que nos emociona profundamente, por exemplo, não tem o menor efeito para determinada pessoa, e os relacionamentos interpessoais vão ficando cada vez mais ricos.

A empatia é tão importante que a falta dela é um dos grandes indicativos de que uma pessoa é psicopata, afinal atitudes realmente cruéis são tomadas por aqueles que não se comovem mesmo com o sofrimento alheio. Ainda dentro do tópico empatia, há algo curioso: muitos de nós conseguimos sentir empatia por robôs e objetos inanimados – estranho, né? Por que será que isso acontece?

Não quer dizer que você vê uma lixeira na rua e sente dó dela, mas sim que é possível que alguns objetos, como aquele ursinho que você tem desde a infância, despertem em você uma sensação de carinho e compaixão – é quase como se esse objeto parecesse ter vida.

Quem nunca?

Antes que você se identifique com a situação acima e comece a se preocupar com sua saúde psicológica, fique tranquilo: demonstrar empatia por objetos e robôs é absolutamente normal. Esse afeto que direcionamos a coisas ativa as mesmas partes do cérebro que “acendem” quando demonstramos afeto por outros seres humanos.

Starre Vartan, em uma publicação do Mother Nature Network, falou a respeito do afeto que às vezes sentimos por criaturas que nem ao menos estão vivas. A autora embasou seu texto em duas experiências realizadas por cientistas da Universidade de Duisburg Essen, na Alemanha.

Em um primeiro momento, os cientistas observaram a reação de um grupo de pessoas a um robô com formas de dinossauro – o Pleo, para os íntimos. Pleo recebeu muito carinho e, em seguida, foi agredido, como você pode ver no vídeo abaixo:

No primeiro estudo, os participantes precisaram expressar o que sentiram depois de ver que Pleo era maltratado, e a maioria das pessoas disse a mesma coisa: não é nada legal ver o dinossaurinho sendo chacoalhado e golpeado.

No segundo teste, os participantes tiveram suas atividades cerebrais monitoradas por um aparelho de ressonância magnética. Dessa forma, os pesquisadores conseguiram ver quais regiões do cérebro recebiam mais estímulos na medida em que o vídeo era exibido. Além de Pleo, os participantes viram pessoas e outros objetos inanimados passando por experiências de sofrimento e agressão.

Não deu outra

Ao avaliarem as imagens das atividades cerebrais, os pesquisadores perceberam que o afeto tanto pelo robô quanto pela pessoa fizeram com que a mesma região cerebral, a do sistema límbico, fosse ativada – o mesmo trabalho cerebral foi registrado quando os voluntários viram o dinossaurinho ou a pessoa sendo machucados.

Ainda assim, deu para perceber que a forma de atividade cerebral muda no quesito empatia quando mudamos o foco de uma pessoa de verdade para um robô em forma de dinossauro. Ainda que as pessoas tenham se incomodado com o sofrimento de Pleo, o incômodo foi bem maior quando quem estava sofrendo era um ser humano.

Outra pesquisa que buscava comparar a comoção que sentimos por pessoas e robôs, publicada pelo Scientific Reports, avaliou a reação de um grupo de voluntários às imagens de uma mão humana e também de uma mão robótica, que estavam prestes a ser cortadas por uma faca. De novo, houve empatia e comoção, mas em menor intensidade na foto do robô.

E para que serve tudo isso?

Estamos em 2016, e a engenharia robótica não apenas é uma realidade como é preciso que esse tipo de pesquisa seja feito e robôs mais humanos sejam desenvolvidos. Neste estudo, realizado ao longo de muitos anos, ficou comprovado que pessoas idosas reagem bem à companhia de robôs e que, inclusive, interagem com eles e se conectam, como fazem com pessoas.

Ainda que, idealmente, seria bacana envelhecer e contar com o suporte da família, sabemos que não é sempre o que acontece. Para idosos e pessoas com condições físicas especiais, a presença de um robô capaz de ajudar na realização de tarefas do cotidiano seria de extrema utilidade.

Astrid Rosenthal-von der Pütten, uma das autoras do estudo, disse que esses robôs humanoides são fundamentais também no processo de reabilitação de pacientes que sofreram lesões corporais graves. O fato é que, independente do que você pense sobre o assunto, robôs com traços humanos farão parte das nossas vidas muito em breve, e, se forem bem desenvolvidos, provavelmente nos importaremos com eles.

O que você acha da ideia de convivermos com robôs? Comente no Fórum do Mega Curioso

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