Saúde/bem-estar
12/04/2018 às 07:30•2 min de leitura
Vivemos numa época em que a ciência avança rapidamente. Quando novas tecnologias são desenvolvidas, possuem um objetivo inicial, mas nada impede que posteriormente elas sejam utilizadas de outras formas. Um bom exemplo é o sistema GPS, desenvolvido por militares norte-americanos nos anos 1980, mas que hoje em dia é utilizado por qualquer pessoa que possua um smartphone. Já falamos sobre ele aqui no Mega.
Satélite comercial da Satellite Imaging Corporation
Dos inúmeros sátelites que orbitam o globo terrestre, alguns possuem a tarefa de registrar imagens em alta resolução. Alguns são propriedades particulares, como a Satellite Imaging Corporation, e vendem as imagens conforme solicitação; já o projeto Landsat é mantido pelo governo norte-americano e disponibiliza material gratuitamente para pesquisas.
Através das imagens obtidas por esses satélites, pesquisadores estão conseguindo realizar estudos que antes seriam impossíveis, dados os custos envolvidos em tal empreitada. Além da questão financeira, imagine a estrutura mobilizada para se deslocar mensalmente a um lugar ermo como a Antártida e realizar a contagem de integrantes de uma colônia de pinguins-imperadores — algo bem trabalhoso.
Com a alternativa de utilização de imagens atualizadas obtidas via satélite, esse tipo de análise se torna trivial, tanto que o uso desse recurso tem sido feito também em zonas de confito, densamente populadas ou simplesmente grandes demais para uma análise no local.
Bacurau-norte-americano (Common Nighthawks)
Como exemplo temos a pesquisadora Janet Ng, da Universidade de Alberta, no Canadá. Ela estuda bacuraus-norte-americanos, aves que migram anualmente da América do Norte até a Argentina, e através de imagens de satélites consegue cobrir todo o caminho percorrido pelos pássaros. Segundo ela, são analisados 300 mil quilômetros quadrados de área durante a pesquisa, o que seria inviável caso o sistema de imagens não existisse.
Pinguins-imperadores em imagem capturada via satélite
Essa é a primeira vez que esses pássaros são monitorados, e a combinação no uso de tags GPS fixadas em alguns animais e as imagens de satélite tem tornado possível o acompanhamento de todo o caminho percorrido pelos pássaros em migração.
Como se possuir imagens não fosse o suficiente, foram desenvolvidos softwares que identificam os animais nas fotos. "Por maior que seja a resolução das imagens, os animais acabam aparecendo como alguns pixels na imagem, mas com o algoritmo correto é possível fazer com que um programa diferencie pinguins de neve ou gelo", disse Michelle LaRue, uma das pesquisadoras que também utiliza essas imagens em suas pesquisas.
Exemplo de como o software enxerga um albatroz
Considerando a influência cada vez maior das atividades humanas no meio ambiente, esse tipo de recurso tende a ser cada vez mais importante para que a natureza não seja danificada de forma irreversível. Dando a mesma importância para pinguins da Antártida e pássaros com longas rotas migratórias, tudo facilitado pelo uso da tecnologia, provavelmente nosso futuro possa ser um pouco melhor.