Exclusão social é um dos principais gatilhos dos potenciais terroristas

16/01/2019 às 07:002 min de leitura

Entender o que leva uma pessoa aparentemente pacata a cometer atos de terrorismo é uma das metas para tentar diminuir ações isoladas que resultem na morte de dezenas – e até centenas – de pessoas de uma só vez. Hoje em dia, as motivações religiosas são as que mais facilmente são associadas aos ataques terroristas, mas, de acordo com uma nova pesquisa, a exclusão social é o principal fator que leva uma pessoa a cometer tais atos.

Através de exames de imagem por ressonância magnética funcional (fMRI, da sigla em inglês), foi possível detectar que o isolamento social pode estar por trás do terrorismo – mesmo que quem os pratique alegue motivos religiosos. Psicólogos de todo o mundo trabalharam na pesquisa, que analisou 535 jovens de Barcelona e com origem marroquina, já que a região da Catalunha é onde os marroquinos se sentem mais isolados socialmente em comparação com qualquer outra cidade da Europa.

Em agosto de 2017, enquanto o teste estava sendo feito, um ataque terrorista em Barcelona deixou 13 mortos e mais de 130 feridos durante um atropelamento em massa. Os jovens analisados pelos psicólogos precisavam responder questões sobre como se sentiam em relação ao uso da violência para promover a fé islâmica. Através desses questionários, foi possível identificar 38 rapazes suscetíveis ao recrutamento pelos terroristas e que toparam passar pelo fMRI.

Atropelamento com van, em agosto de 2017, matou 17 e feriu mais de 130 pessoas

Foi solicitado que esses jovens jogassem o game psicológico Cyberball, no qual metade do grupo foi excluído por outros jogadores que tinham nomes com origens hispânicas. Assim, com dois grupos formados – excluídos e não excluídos – foi possível escanear seus cérebros durante as partidas.

Curiosamente, os que demonstraram mais atividade cerebral na parte inferior do lobo frontal foram os que mais declararam vontade de uso da violência. E entre os que foram excluídos no game, essa atividade é ainda mais intensa. Essa área do cérebro é responsável por ações importantes e inadiáveis para os indivíduos.

Outro detalhe alarmante é que, entre os excluídos no game, a atividade cerebral na região inferior do lobo frontal do cérebro era intensa mesmo ao responder questões que não justificavam em nada o uso da violência – mostrando que o impulso pode ser importante, mesmo quando a exclusão é apenas virtual e em um ambiente simulado e controlado. Já imaginou os efeitos de uma exclusão social perene? Podem ser devastadores!

O pesquisador Nafees Hamid, da University College London, responsável pela pesquisa, alerta que a exclusão social não deve ser encarada como a única forma de motivação para os potenciais terroristas, mas que ela é a principal causa. Por isso, é importante que toda a sociedade busque maneiras de amenizar as desigualdades sociais e evitar que uma comunidade inteira seja culpada pelos atos de apenas um indivíduo – caso contrário, vira uma bola de neve.

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