Você sabe de onde surgiu o termo “boicote”?

10/11/2014 às 07:563 min de leitura

Você provavelmente já utilizou o termo “boicote” ao protestar por alguma coisa que não concordou. Por exemplo, o preço daquele chocolate que você adora subiu demais, “vamos boicotar!”. O garçom da pizzaria da esquina atendeu mal um amigo seu, o que vocês fazem? Boicotam.

Boicotar é abster-se, é evitar, voluntariamente alguém, algum serviço, algum produto ou mesmo um local como uma forma de protesto. Mas você sabe de onde veio o termo “boicote”? Para contar essa história voltaremos à Irlanda ao século XIX, época em que tal capitão Charles C. Boycott vivia.

A guerra das terras

De acordo com um artigo do Today I Found Out, naquele tempo, a situação no país não era nada boa, sendo que apenas 0,2% da população era proprietária de algum pedacinho de terra. Tudo porque a maioria dos proprietários também nem viviam em território irlandês e alugavam as suas terras para locatários arrendarem, geralmente com contratos de um ano, o que tornava tudo ainda mais complicado.

Essa época ficou conhecida como Guerra das Terras, que foi quando, finalmente, os locatários resolveram se rebelar contra o domínio dos proprietários dos lotes. Então, em meados do século XIX, esses inquilinos/colonos se uniram para alcançar três metas principais: aluguel justo, firmeza de posse e venda livre.

O início do boicote

Charles Stewart Parnell

Uma organização de locatários que buscava essas três metas e se destacou bastante na época foi a Liga Nacional Irlandesa de Terras. Em setembro de 1880, o líder dessa liga, o membro do parlamento Charles Stewart Parnell, estava discursando para os membros da organização.

Nessa ocasião, Parnell sugeriu que qualquer arrendatário que tentasse invadir a terra de outro inquilino que houvesse sido expulso, deveria ser evitado por todos, em vez de morto (como era de costume em muitos lugares).  Ele disse nas seguintes palavras:

Evitá-lo na feira, no campo, no mercado e até mesmo no lugar de culto, deixando-o sozinho, isolando-o do resto do país, como se ele fosse o leproso. Você tem que mostrar a ele o seu ódio do crime que ele cometeu.

Como você pode perceber nesse discurso, essencialmente, Parnell estava propondo um boicote, mas não ainda utilizando esse termo, que só viria algum tempo depois, mas não muito... Mais precisamente, apenas duas semanas depois, o termo passaria a ser usado com veemência.

Boycott entra na História (para nunca mais sair)

Nessa mesma época, o capitão Charles Boycott, agora aposentado do serviço militar, estava trabalhando como agente de terra para o terceiro conde de Erne (ou Lorde Erne), John Crichton. Como as colheitas tinham sido muito escassas naquele ano, Lorde Erne ofereceu aos seus inquilinos uma redução de apenas dez por cento em seus aluguéis.

Os inquilinos não aceitaram e exigiram que a redução fosse de 25%, o que o Lorde recusou. Então, seu agente de terra, Boycott, tentou despejar onze inquilinos inadimplentes das terras do conde. Tendo como referência o discurso anterior de Parnell, embora ele não se referisse aos proprietários ou agentes de terra, a tática foi aplicada pelos colonos diretamente para Charles Boycott.

Boycott começou o processo de envio de ordens de despejo para quem não tinha contribuído no aluguel, mandando a polícia junto. E o povo se irritou. Os inquilinos se tornaram hostis quando as ordens de despejo tentavam ser entregues, atirando coisas, até que a polícia deixou de ser capaz de atender todos os avisos.

Mas para uma pessoa ser despejada, ela precisava receber a notificação e a revolta do povo fez com que isso não acontecesse. Sem os avisos entregues, ninguém teve de deixar suas casas. Logo em seguida, os inquilinos decidiram usar a proposta de ostracismo social do discurso de Parnell contra Boycott e quem trabalhava para ele.

Com isso, em pouco tempo, aqueles que trabalhavam para Boycott começaram a deixar o seu serviço, pois eram coagidos, ameaçados ou mesmo ignorados.

Boycott vira verbo

Além da ação da população de inquilinos, outras empresas também deixaram de fazer negócios com Charles Boycott. Para ter uma ideia, ele não podia sequer comprar comida localmente. Se locomover para longe de lá também ficou difícil, pois motoristas de carruagens e capitães de navios também passaram a evitá-lo. A coisa estava feia para Boycott.

No final de novembro de 1880, toda essa situação complicada levou Boycott a ser forçado a deixar a sua casa, fugindo para Dublin. Porém, ele não encontrou tranquilidade por lá também, pois foi recebido com hostilidade e as empresas que antes estavam dispostas a negociar foram ameaçadas de serem "boicotadas".

Então, a prática do boicote se espalhou naquele país e, em cerca de uma década, toda vez que uma empresa realizava algum negócio que gerava a antipatia da Liga Nacional Irlandesa de Terras, ela era boicotada. Então, depois disso, o termo passou a ser usado para todo o tipo de abstenção voluntária como forma de protesto ou isolamento organizado: o boicote (em inglês, o termo ficou "boycott" mesmo).

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