Brasileira que sobreviveu ao 11 de Setembro relata trauma e superação

17/08/2016 às 14:043 min de leitura

A maioria de nós, brasileiros, sabe dos atentados de 11 de Setembro de 2001, nos Estados Unidos, apenas pela televisão. Esse não foi o caso de Adriana Maluendas: em sua primeira visita a Nova York, ela se hospedou no hotel Marriott World Trade Center, apenas três dias antes de os aviões destruírem as Torres Gêmeas e chocarem o mundo. Em entrevista exclusiva ao Mega Curioso, ela relata como sua vida mudou depois desse dia.

Quando a primeira torre foi atingida, Adriana estava saindo de seu quarto, no 6º andar do Marriot. Ela conta que os hóspedes entraram em pânico e que começou uma correria para sair do edifício. Adriana saiu apenas com sua bolsa e a chave do quarto, sendo empurrada nas escadas – ela chegou a cair e fraturar duas costelas. Quando finalmente alcançou a rua, ela teve tempo de ver o segundo avião colidindo contra o World Trade Center.

Ela é uma das poucas pessoas brasileiras que estiveram no epicentro da tragédia e, passados 15 anos, resolveu relatar em livro sua experiência. Nesse tempo todo, Adriana sofreu do transtorno de estresse pós-traumático e se isolou. Só agora ela reuniu forças para contar como foi vivenciar essa tragédia. O livro “Além das Explosões” deve chegar às prateleiras até o final deste ano.

Ruínas do que sobrou do Marriott World Trade Center, pouco depois dos atentados

Doação a museu

Adriana conta que, após o atentado, ainda precisou ficar em Nova York por mais 10 dias, até os voos comercias serem liberados pela Força Aérea dos Estados Unidos. Hoje ela reside na cidade, mas as marcas daquele dia dificilmente vão sumir. A brasileira também foi uma das 700 pessoas que estiveram presentes na inauguração, em 2014, do museu onde ficava o World Trade Center – ela, inclusive, doou alguns objetos que estavam em sua posse no dia dos atentados.

O Museu e Memorial de 11 de Setembro, localizado exatamente onde ficavam as torres e o hotel em que eu estava hospedada, teve um impacto tremendo no meu resgate pessoal

“O Museu e Memorial de 11 de setembro, localizado exatamente onde ficavam as torres e o hotel em que eu estava hospedada, teve um impacto tremendo no meu resgate pessoal”, contou Adriana em entrevista ao Mega Curioso.

Desde aquele dia fatídico, ela sempre sofre com as memórias – principalmente quando outro atentado terrorista ocorre pelo mundo. “Às vezes minha mente traz flashbacks do que passei e é impossível dormir. Bate um sentimento de tristeza por saber que outras pessoas presenciaram tamanha maldade, insensatez, dor e horror de perto”, desabafa.

Museu do 11 de Setembro traz histórias de vítimas e sobreviventes dos atentados

Combate ao terror

Os Estados Unidos possui um trágico histórico de atentados, principalmente cometidos pelo fácil acesso a armas de fogos. Sobre isso, Adriana acredita que deveria haver uma regulamentação mais precisa e controlada. Hoje em dia, ela mora em Nova York e se sente honrada em poder votar nas próximas eleições, que devem agitar ainda mais o debate sobre a imigração e o combate ao terrorismo.

“Ainda há tempo para decidir e rever melhor as posições de cada candidato”, diz a brasileira se referindo aos principais nomes na corrida presidencial norte-americana, Hilary Clinton e Donald Trump. E, segundo ela, o terrorismo não deve ser uma batalha apenas dos Estados Unidos. “Acredito que deve ser uma luta de todas as nações”, pondera Adriana.

Hoje em dia, ela mantém contato com alguns dos sobreviventes do 11 de Setembro – principalmente com hóspedes que estavam no mesmo hotel que ela. O Marriot foi destruído quando a primeira torre entrou em colapso. Ela também participa de grupos de apoio a familiares que perderem parentes nos atentados.

Donald Trump e Hilary Clinton são os principais nomes na corrida presidencial dos Estados Unidos de 2016

Mensagem de esperança

Adriana Maluendas é natural de Paranaguá, no litoral do Paraná, e se formou em Comércio Exterior. Ela estava em Nova York no dia dos atentados para obter uma licença para trabalhar no mercado de ações. Quando o primeiro avião se chocou ao World Trade Center, tudo ficou caótico. Nessa hora, o mais importante é tentar manter a calma e procurar um lugar seguro o mais longe possível do epicentro da catástrofe.

Eu acredito que compartilhar o que passei e tentar transformar toda a experiência que sofri em uma mensagem de esperança poderá encorajar aqueles que enfrentaram dificuldades extremas, depressão, trauma ou perda em suas vidas

“Eu acredito que compartilhar o que passei e tentar transformar toda a experiência que sofri em uma mensagem de esperança poderá encorajar aqueles que enfrentaram dificuldades extremas, depressão, trauma ou perda em suas vidas”, explica Adriana sobre os motivos de lançar “Além das Explosões” depois de tanto tempo.

Hoje em dia, ela não sente medo de andar em Nova York. “Talvez um pouco de ansiedade, mas sei que estou segura. O país, em geral, está muito mais atento a qualquer tipo de ameaça. Já com relação a aviões, por anos tive que tomar medicamentos sob prescrição médica para me acalmar”, revela a brasileira que sonha em retornar ao seu país de origem e envelhecer por aqui.

Hoje em dia, Adriana se sente segura em Nova York, mas sonha em voltar a morar no Brasil (Foto: Bruno Morais)

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