Artes/cultura
19/09/2013 às 09:13•4 min de leitura
No início de século 20, houve uma grande busca pela exploração da Antártida. O continente gelado do extremo sul da Terra se tornou o objetivo de muitos pesquisadores de vários países. Eles fundaram bases de estudos completas com equipamentos, além de seus barcos e suprimentos necessários para longos meses ou mesmo anos de estadia.
Entretanto, a época de ouro da exploração foi acabando aos poucos e grande parte do que foi usado para isso foi deixado para trás até de forma imprudente. Atualmente, os restos da exploração humana podem ser encontrados na forma de equipamentos enferrujados, construções quase inteiramente enterradas na neve e barcos abandonados.
Abandonados também devido às condições inóspitas, inacessibilidade, as guerras e falências de exploradoras, essas indústrias baleeiras, bases militares e centros de pesquisa da Antártida tornaram-se algumas das mais fantásticas cidades-fantasmas do mundo. Confira abaixo mais detalhes sobre elas.
Fonte da imagem: Reprodução/Web Urbanist
Estabelecida como uma base de navio na Ilha Decepção por uma empresa baleeira norueguesa-chilena no início do século 20, o lugar formado por uma baía foi abandonado quando os preços do petróleo despencaram durante a Grande Depressão. Isso porque as empresas baleeiras caçavam baleias para processar o seu óleo, que era utilizado para iluminação e foi substituído pelos derivados de petróleo que, por sua vez, tiveram valores reduzidos e mais acessíveis.
A ilha ficou vazia até que os britânicos a recuperaram como uma base em 1944, mas uma série de erupções vulcânicas na década de 1960 fez com que todos fossem embora novamente, sendo que uma erupção em 1969 soterrou muitas de suas estruturas. Além disso, a matança indiscriminada das baleias que acontecia por lá acabou gerando o desaparecimento delas nessa região e, por consequência, a desativação das indústrias baleeiras.
Fonte da imagem: Reprodução/Web Urbanist
A Ilha Decepção é chamada assim porque a pequena entrada de sua baía é difícil de encontrar e alguns exploradores achavam que ela não era nada além de altos penhascos rochosos, que eram impossíveis de acessar. Entretanto, ao adentrar a baía, os visitantes são recebidos por águas surpreendentemente quentes devido aos vulcões adormecidos, que fervem em alguns pontos, mas oferecem banhos agradáveis em outros.
Fonte da imagem: Reprodução/Web Urbanist
Você sabe onde fica o ponto do sul da inacessibilidade? Ele é localizado no ponto da Antártida que é mais distante de qualquer oceano, onde ficava uma extinta estação de pesquisa Soviética criada em 1958.
O local era de muito difícil acesso e, por esse motivo, a estação não durou muito tempo em uso e também era pequena com poucos recursos. A estação tinha apenas uma cabana para quatro pessoas, outra para comunicação e uma para energia, que formavam um pequeno aglomerado. Todas elas foram montadas com materiais pré-fabricados, que foram levados em tratores.
Fonte da imagem: Reprodução/Web Urbanist
A base foi usada por apenas 12 dias antes de ser suspensa por tempo indeterminado devido à sua localização remota. O local ficou marcado por uma característica diferente: um busto de Vladimir Lenin, o líder do partido comunista e chefe de estado responsável pela Revolução Russa, que hoje é tudo o que pode ser visto no local encoberto pela neve.
Fonte da imagem: Reprodução/Web Urbanist
Com navios totalmente enferrujados e instalações abandonadas, o Porto de Grytviken agora é um local sem grande movimento, mas já foi uma grande base baleeira norueguesa com cerca de 300 homens trabalhando para o processamento das baleias em combustível.
Fundada em 1904, no porto da ilha de propriedade britânica, Geórgia do Sul, o local oferecia boas condições e terra plana para a construção. O porto também logo se tornou o lar de uma estação meteorológica argentina. Mas, depois de 60 anos, a população de baleias nos mares ao redor da ilha diminuiu drasticamente e, em 1966, a fechou. No local, ainda existem muitos ossos de baleia, assim como carcaças da indústria e das estruturas.
Fonte da imagem: Reprodução/Web Urbanist
Essa foi a maior das sete estações baleeiras construídas perto de Stromness Bay, na ilha da Geórgia do Sul. O porto Leith foi criado em 1909 e tinha várias construções, que incluíam até uma biblioteca, um cinema e um hospital.
Juntamente com o porto de Grytviken, Leith conseguiu escapar de um ataque alemão durante a Segunda Guerra Mundial, que destruiu a maior parte das instalações baleeiras britânicas e norueguesas. Mesmo assim, o local foi abandonado para sempre em 1965 devido ao desaparecimento das baleias, que eram as principais matérias-primas das indústrias que funcionavam por lá.
Fonte da imagem: Reprodução/Web Urbanist
Estabelecido como uma base de pesquisa britânica, em 1956 , a Base W está localizada na margem protegida da Ilha Detaille. A princípio, parecia o local perfeito para uma estação de pesquisa. Porém, o ano em que ela foi construída foi o que o gelo e a neve estavam bem mais amenos do que o habitual, enganando os britânicos de certa forma. Nos anos que se seguiram, a baía se encheu de gelo, tornando a navegação bastante perigosa e quase impossível de ser feita, impedindo o transporte de comida e suprimentos.
Em 1959, o navio John Briscoe conseguiu chegar perto do local no final do verão e a tripulação percebeu o quão perigoso era ficar mais tempo por lá. Então, o pessoal da base W foi informado para sair de lá o mais rápido possível, tendo apenas uma hora para arrumar as malas e ir para o barco, deixando para trás tudo o que ainda pode ser encontrado lá hoje, como latas enferrujadas de alimentos, revistas, roupas e outros itens pessoais.
Fonte da imagem: Reprodução/Web Urbanist
Por um breve período, em 2012, as águas quase congeladas da Baía de Maxwell na enseada de Ardley, abrigou o que parecia ser um navio fantasma, quando visto de cima, brilhando em um tom azul iridescente apenas alguns metros abaixo da superfície.
A embarcação era da Empresa Brasileira de Pesquisa. O barco Mar Sem Fim levava quatro pesquisadores, que filmavam um documentário no local, mas ele ficou preso no gelo após uma sequência de mau tempo. Ondas de vários metros de altura e fortes ventos fizeram o barco se inclinar para um lado e acabou afundando.
A Marinha chilena resgatou os pesquisadores, mas o navio teve de ser deixado para trás. As águas das ondas congelaram dentro do barco, fazendo-o boiar quase na superfície. Ele ficou lá por quase um ano, até que Empresa Brasileira de Pesquisa conseguiu voltar e utilizar boias para resgatá-lo gradualmente e trazê-lo de volta à costa.