É possível que a fonte da juventude esteja no próprio sangue?

05/05/2014 às 08:383 min de leitura

A busca pela tão sonhada “fonte da juventude” pode ter dado passos eficientes com as notícias científicas que estão chegando. Tudo porque duas equipes diferentes de cientistas divulgaram estudos mostrando que o sangue de camundongos jovens foi capaz de reverter o envelhecimento em ratos idosos, rejuvenescendo os seus músculos e cérebros.

Segundo o The New York Times, os especialistas disseram que a descoberta pode ser bastante útil para tratamentos de doenças como o Alzheimer e males cardíacos. Ambas as pesquisas se baseiam e esclarecem descobertas realizadas em estudos mais antigos. Um deles aconteceu na década de 1950 e foi liderado pelo Dr. Clive M. McCay , da Universidade Cornell, e seus colegas, que testaram o efeito do sangue de ratos jovens em animais mais velhos.

Para isso, eles uniram pares de camundongos costurando seus vasos sanguíneos em um procedimento chamado parabiose. Após o processo, os vasos cresceram e se juntaram aos sistemas circulatórios dos ratos. Dessa forma, o sangue do mais jovem corria para o idoso e vice-versa.

Mais tarde, o Dr. McCay e seus colegas realizaram necropsias e descobriram que a cartilagem dos ratos velhos parecia mais jovem do que antes. Porém, naquela época, os cientistas não sabiam dizer exatamente como as transformações aconteceram e nem como os organismos dos animais rejuvenesceram.

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Décadas depois, tornou-se claro que as células-tronco são essenciais para manter os tecidos vitais. Quando os tecidos são danificados, as células-tronco agem e produzem novas células para substituir as que morrem.

Mais resultados foram revelados em 2005, por Thomas A. Rando , professor de neurologia da Escola de Medicina da Universidade de Stanford. Ele e seus colegas reviveram as experiências do Dr. McCay, unindo ratos jovens e idosos por cinco semanas. As conclusões mostraram que os músculos dos velhos tinham se renovado tão rapidamente quanto os dos jovens. Além disso, os velhinhos ganharam novas células do fígado a uma taxa juvenil.

Já os novos trabalhos de pesquisa mostram uma prova clara de como funciona o processo e oferecem uma explicação: a chave está nos níveis de algumas proteínas que são mais abundantes no sangue mais jovem e parecem despertar as células-tronco, fazendo com que haja a criação de novos tecidos.

Cérebros rejuvenescidos

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O primeiro estudo, publicado no periódico científico Nature, foi liderado por Saul Villeda, da Universidade da Califórnia. Ele diz que a transfusão de sangue por meio da parabiose funciona, mas que a extração do plasma dos ratos mais jovens para injetá-lo no cérebro dos indivíduos mais velhos funciona ainda melhor.

O processo cria novas conexões neuronais, revertendo os efeitos da idade e melhorando significativamente as funções cognitivas dos ratos:

No nível cognitivo, a administração sistêmica de plasma sanguíneo jovem em ratos com idades avançadas melhorou deficiências cognitivas relacionadas com a idade, tanto o condicionamento contextual quanto na aprendizagem espacial e a memória. Melhorias estruturais e cognitivas induzidas pela exposição a sangue novo são mediadas, em parte, através da ativação do elemento de resposta da proteína cíclica AMP no hipocampo envelhecido. Os nossos dados indicam que a exposição de ratos envelhecidos ao sangue novo no final de vida é capaz de rejuvenescer a plasticidade sináptica e melhorar a função cognitiva.

Estudo de Harvard

O segundo estudo, publicado na revista Science, foi liderado pela Dra. Amy Wagers, do Instituto da Célula-Tronco da Universidade de Harvard e que fez parte do estudo de Stanford em 2005. Ainda intrigada com os resultados daquela época, a cientista continuou com os estudos e descobriu, junto com a sua equipe, que o que fez reverter o envelhecimento nos ratinhos foi o nível elevado da proteína GDF11, presente em abundância no sangue jovem.

Para a pesquisa, o plasma de ratos jovens contendo GDF11 em quantidade foi aplicado em animais antigos. Com isso, a equipe descobriu que a proteína estimulou o crescimento de novos vasos sanguíneos e neurônios no cérebro dos velhinhos, substituindo os antigos e melhorando, além da parte cognitiva, a função olfativa.

Segundo a Dra. Amy, os dois trabalhos publicados mostram que "em vez de tomar um medicamento para o coração ou uma droga para seus músculos e cérebro, talvez você possa chegar a algo em que todos eles sejam afetados de forma benéfica". E o segredo pode estar no sangue novo.

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No entanto, ainda não dá para sair por aí comemorando e pedindo uma doação de sangue daquele seu priminho de dois anos de idade. Primeiro porque as experiências feitas até agora foram realizadas com ratos. Elas ainda têm de ser feitas em seres humanos, que têm a sua própria versão de GDF11. A proteína humana provavelmente vai funcionar da mesma maneira, mas os cientistas ainda não têm essa informação.

Além disso, em todo esse rejuvenescimento e criação de novas células há também o risco aumentado de surgimento de câncer. Isso porque, no momento em que se começa a despertar as células-tronco, dizendo-lhes para começar a criar novas células, você pode aumentar as possibilidades da doença (que é a proliferação desordenada de células). Essa questão também terá que ser bem verificada pelos especialistas.

De qualquer forma, os pesquisadores estão animados. Os resultados em ratos são claros e não há conflitos entre os dois estudos publicados nas últimas semanas.

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