Tal qual uma zebra, nós somos cobertos por listras — mesmo que invisíveis

13/01/2017 às 04:002 min de leitura

Você pode não ver, mas o seu corpo facilmente faz frente aos padrões listrados de uma zebra ou de um tigre (fique com a analogia que mais lhe agradar). De fato, o corpo humano é inteiramente coberto pelas chamadas “Linhas de Blaschko”. Embora invisíveis em condições normais, essas listras podem se tornar semivisíveis quando com alterações de conformação da pele — isso além de revelar um bocado sobre as nossas origens.

Linhas de Blaschko faz referência ao dermatologista alemão Alfred Blaschko, que as descobriu no início do século passado. Blaschko percebeu que as pintas e erupções cutâneas de seus pacientes normalmente surgiam como se seguissem linhas invisíveis. À época, o médico chegou a conceber um esquema aproximado dos padrões apresentados para o fenômeno (confira a imagem abaixo).

Posteriormente, descobriu-se que as Linhas de Blaschko são um tanto mais intrincadas e onipresentes na pele humana — formando um “V” nas costas, chegando a um redemoinho no tórax, dando a impressão de um capuz ao redor da cabeça e por aí vai. O mais curioso, entretanto, é que todos esses padrões não possuem qualquer ligação com sistemas vitais do corpo humano. A origem, de fato, é bem mais antiga.

Herança uterina

Sabe-se atualmente que as Linhas de Blaschko são, na verdade, indícios dos primórdios do desenvolvimento humano dentro do útero. Conforme você deve se lembrar de suas aulas de biologia no ensino fundamental, todos surgimos inicialmente como uma única célula — a qual se dividiu sucessivas vezes, dando dimensão e especialização ao sistema que, em seu estado rematado, é o próprio corpo humano.

Um zigoto (óvulo já fecundado por um espermatozoide) humano.

Enquanto algumas das células se especializam para formar músculos, ossos e órgãos, outras dão origem à pele. Estas, é claro, continuam em divisões constantes, a fim de cobrir toda a extensão de um organismo em franca expansão. Dessa forma, assim que uma linha celular é concluída, logo se inicia outra, e assim sucessivamente — todas se empurrando e formando redemoinhos enquanto se espalham pela superfície do corpo. E as Linhas de Blaschko são a evidência justamente desse processo.

Isso é difícil de visualizar? Bem, basta pensar no preparo de em um café expresso latte, como fez o site Mental Floss — com novas camadas empurrando as anteriores... Embora você possivelmente não tenha nada semelhante a uma folha na pele.

As “quimeras”

Conforme dito anteriormente, a existência das Linhas de Blaschko não pode ser confirmada a olho nu em condições normais. Ademais, conforme notou o Dr. Blaschko, mesmo que existam “dúzias de alterações dermatológicas” capazes de tornar essas listras visíveis, isso normalmente ocorre apenas em partes isoladas da pele — tal como ocorre nos casos de hipermelanose nevoide, por exemplo.

Mas há também outro caso em que é possível atestar o padrão singular de formação da pele — que não precisa necessariamente ser humana. Trata-se dos chamados “quimeras”. Em vez de terem sua pele formada por uma única célula fundamental, esses animais tem sua origem em duas, ambas com DNA próprio.

Conforme o desenvolvimento continua, entretanto, elas passam a se empurrar e a formar redemoinhos da mesma forma que ocorreria em situações normais. A diferença, naturalmente, é que as células normalmente são um tanto diferentes umas das outras — tal como se deu com o famoso gato Venus (imagem acima). Se esse não for o seu caso, também é possível visualizar algumas das Linhas de Blaschko por meio da incidência de luz ultravioleta.

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