Intercâmbio de graça: jovem da periferia ensina como conseguir

08/08/2016 às 09:394 min de leitura

Quantas vezes nós reclamamos de oportunidades que não surgem, do dinheiro que é curto ou da dificuldade em aprender algo novo? Em um mundo cercado de redes sociais, Netflix e Pokémon GO, nós acabamos nos esquecendo que a tela do nosso computador é uma imensa biblioteca, repleta de conhecimento – basta você procurar.

Você já sonhou em fazer um intercâmbio, conhecer novos lugares e aprender outras línguas? E se eu te disser que é possível realizar tudo isso sem gastar dinheiro? Todos os anos, várias bolsas de estudo são desperdiçadas por não terem candidatos: não é falta de dinheiro, é falta de informação.

Gerson nasceu na periferia e já fez três intercâmbios

Com esse pensamento em mente, o carioca Gerson Saldanha, de 25 anos, dedica os seus dias para informar e divulgar oportunidades incríveis para quem quer estudar e viajar. Através do projeto "O Que Eu Trouxe Na Bagagem", ele dá dicas e conta sobre a sua experiência, incentivando outros jovens.

Descobrindo a própria essência

Em uma conversa bem-humorada pelo telefone, Gerson me contou um pouco de sua trajetória. Mesmo estando a mais de 800 km de distância, eu consegui sentir a energia e a alegria que ele tem ao relatar tudo pelo que passou.

Nascido e criado na Baixada Fluminense, Gerson, filho de um pedreiro e de uma dona de casa, foi assim batizado em homenagem ao ex-jogador de futebol Gérson de Oliveira Nunes. Apaixonado pelo esporte, o pai do garoto o colocou em uma escolinha do Vasco, mas em pouco tempo ele sentiu que aquele não era o seu lugar.

O nome Gerson veio de um jogador de futebol

Triste por não se sair bem com os pés, aos 10 anos de idade, Gerson teve uma conversa com a mãe que mudaria a sua vida. Ela explicou o verdadeiro significado do seu nome: viajante. Essa palavra despertou uma vontade imensa de crescer, mudar, conhecer e foi assim que Gerson percebeu que suas chances estavam na escola.

Ele descobriu sua vocação para a redação e para o inglês e, mesmo quando sentiu que o ensino público não lhe oferecia um conteúdo mais aprofundado, não desistiu.

Viu em um jornal uma promoção: junte 30 selos e ganhe 30 dias de aulas de inglês. Assim fez. Depois, ficou sabendo de um curso de inglês oferecido pelo governo e ficou mais de um dia na fila para conquistar a sua vaga. Foram mais três anos estudando a língua do Tio Sam.

Viu em um jornal uma promoção: junte 30 selos e ganhe 30 dias de aulas de inglês. Assim fez.

Gerson completou 18 anos, se alistou na Marinha e abandonou o curso, mas não a vontade de aprender. Através de alguns testes vocacionais e uma conversa com um professor de Geografia, descobriu que queria cursar Relações Internacionais, mas a entrada na universidade não veio fácil.

Em 2013, depois de algumas decepções com o vestibular, ele conquistou a vaga e uma bolsa integral para o curso. Aquele seria o ano da grande virada.

Da periferia para o mundo

Trabalhando na Escola Naval como barbeiro, ele passava os dias entre tesouras e, nos poucos minutos livres, gostava de ler o jornal do dia, disponibilizado para os clientes. Entretanto, em um dia incomum, o pouco movimento fez com que ele lesse mais atentamente aquele jornal, percebendo uma oportunidade: o anúncio era sobre um concurso de redação que levaria um jovem aos Estados Unidos para estudar inglês.

Saiu do trabalho, foi à faculdade e só chegou em casa depois da meia-noite. Mesmo tendo que acordar às 4h para ir à Marinha , ele decidiu que responderia àquela pergunta: "Qual conexão geek você traz de bagagem para o seu caminho?".

Saiu do trabalho, foi à faculdade e só chegou em casa depois da meia-noite. Mesmo tendo que acordar às 4h para ir à Marinha , ele decidiu que responderia àquela pergunta: "Qual conexão geek você traz de bagagem para o seu caminho?".

Sem saber sequer o que significava a palavra "geek", Gerson pesquisou e escreveu sobre tecnologia e sua vontade de conhecer o mundo. Ele seguiu com a sua rotina, até que teve um sonho inusitado: estava fazendo as malas para viajar e colocando uma touca na cabeça. Seria um sinal?

No dia seguinte ao sonho, abriu o jornal e se deparou com o seu nome em destaque. Mas isso ainda não era o suficiente para que Gerson saísse comemorando; afinal, e se outra pessoa tivesse aquele mesmo nome? Imediatamente, ligou para o veículo e, depois de passar todos os dados, descobriu que dois meses depois partiria para os Estados Unidos.

A página de jornal que mudou a vida de Gerson

Foram dias de alegrias e incertezas, já que ele não tinha passaporte e não conseguia agendar. Depois de muita correria, ele reuniu a documentação necessária e, com 300 dólares no bolso, partiu para o aeroporto bem no dia do aniversário.

Ele conta que se assustou ao chegar ao aeroporto do Texas e chegou a pensar que não sabia inglês bem o suficiente para estar ali. Contudo, com a ajuda de outros brasileiros, ele se dedicou e logo estava adaptado ao país.

Foi lá que ele descobriu que todos os anos várias vagas de intercâmbio são oferecidas e muitas não chegam a ser preenchidas. Assim, ele voltou com uma ideia na mala: divulgar para os jovens essas oportunidades.

Através de um concurso de redação, Gerson foi aos Estados Unidos

Portas fechadas

O início foi difícil: as escolas não abriam as portas para um jovem contar sobre a sua vida. Ele pensou em desistir do projeto, mas sua irmã sugeriu que ele usasse a internet como ferramenta. Durante cinco meses, o jovem usou um celular para escrever o seu primeiro livro: "Mandando a Real", que logo nas primeiras semanas teve mais de 5 mil downloads.

Com essa conquista, Gerson passou a palestrar, montou uma página no Facebook e começou um canal no YouTube, onde conversa de igual para igual com jovens que buscam melhores oportunidades. Ele sabe que a internet oferece muita diversão e, por isso, é preciso ajustar a comunicação para mostrar que estudar pode, sim, ser algo divertido e atraente.

Gerson sonha em viajar o Brasil e palestrar para jovens

Depois de ter feito outros dois intercâmbios, em Nova York e Londres, Gerson está investindo no seu projeto e almeja conversar com estudantes de todo o Brasil para mostrar que é possível chegar lá.

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