Edmund Kemper: como nasce um psicopata

03/12/2019 às 12:006 min de leitura

Nascido no sábado, dia 18 de dezembro de 1948, em Burbank, Califórnia, Edmund Kemper III desde a mais tenra idade já sofria com Distúrbio de Conduta, doença que caracteriza os primeiros sinais de uma mente infantil com pré-disposição a desenvolver a psicopatia, uma vez que formalmente o diagnóstico de Transtorno Antissocial — que atesta essa desordem — só pode ser realizado em pessoas acima de 18 anos.

O único homem entre duas irmãs, ele era o filho do meio de Clarnell Elizabeth Kemper com Edmund Emill Kemper II e sempre viveu numa zona de guerra familiar. Tudo começou quando seu pai, um veterano que esteve na Segunda Guerra Mundial testando bombas nucleares para os Estados Unidos, retornou para sua cidade natal na Califórnia e passou a trabalhar como eletricista.

Clarnell Kemper não aceitava o seu trabalho "medíocre" como um mero eletricista depois de ter feito algo tão “grandioso”. A mulher tinha um temperamento extremamente agressivo e abusivo, diminuindo Emill Kemper sempre que possível, tornando o casamento dos dois um inferno. O efeito tóxico dela conseguiu enfraquecer a mente de Emill a ponto de ele considerar tirar a própria vida de tanto que acreditava naquela imagem de um ser humano fraco e fracassado que ela havia criado dele.

A mãe monstro

(Fonte: Onedio/Reprodução)

Edmund Kemper cresceu sob este cenário arbitrário e essa gênese violenta que já apresentava contribuiu para que a mãe abusasse emocionalmente dele, principalmente depois do divórcio — que foi quando se tornou alcoólatra —, deformando qualquer alternativa de uma reabilitação ainda precoce do menino. Com tendências piromaníacas, aos 10 anos de idade ele foi realocado por sua mãe para o porão da casa depois de tentar pôr fogo no quarto de suas irmãs com as duas dentro. Ela o mantinha lá em baixo, no escuro, entre os ratos e sem comer mada por cerca de dois dias.

Em meio a fantasias obscuras, foi por volta desse mesmo período que o garoto alimentou uma futura conduta psicopatológica e passou a ter gosto por decapitar as bonecas das irmãs e simular atos obscenos com elas. Depois disso, a crueldade hostil evoluiu para um grau mais perturbador: a matança de animais. Edmund Kemper degolava gatos e os cimentava no jardim de casa. Às vezes, as sessões de tortura eram mais meticulosas e ele arrancava parte por parte do animal, o deixando agonizar de dor até que acabasse morrendo, para então o espetar, pendurar ou empalar em ganchos, varais ou estacas de madeira. Num ato mais bestial, ele foi flagrado pela mãe devorando as vísceras de um filhote de gato. Ele mesmo se lembra de ter sorrido para a mulher nesse momento.

Dono de uma inteligência acima da média, com um QI de 136, nos poucos momentos em que não tinha vontade de machucar as suas irmãs, ele brincava de "câmara de gás" e "cadeira elétrica" com sua irmã mais nova, Allyn Lee Kemper, pedindo para ser amarrado enquanto fingia ser um criminoso sentenciado à morte. Como sinais de uma mente estrategista e inescrupulosa, por vezes o garoto chegou a pegar o antigo revólver de seu pai, seguir seu professor até em casa e observá-lo pela janela com a arma engatilhada, imaginando como seria puxar o gatilho e vê-lo ser alvejado.

Ainda enquanto criança, em face a sua natureza diabólica e assustadora em casa, por volta de seus 10 e 12 anos, Edmund quase foi morto duas vezes. Numa delas, sua irmã mais velha, Susan Hughey Kemper, deliberadamente o empurrou na frente de um trem e ele só conseguiu se safar porque se encolheu embaixo do comboio. Numa segunda vez, Susan o empurrou para dentro de uma piscina onde ele teria morrido se não fosse por sua habilidade em manter o controle da situação e não se desesperar.

Durante toda sua infância, Edmund Kemper nunca recebeu nenhum pingo de afeto. Em contrapartida, também era incapaz de produzir qualquer tipo de emoção que não fosse o ódio mortal que nutria pela mãe. Fora isso, não alimentava nenhum sentimento de vergonha, remorso ou nada que não fosse uma preocupação que envolvesse seus próprios interesses. Psicologicamente, a frieza, violência e crueldade excessivas nasceram com ele como parte da deformação de uma estrutura cerebral chamada amídala cerebelosa, que garante os estímulos emocionais do ser humano e que é responsável por esse tipo de desordem mental. No entanto, o caos familiar e a total falta de assistência se tornaram um fator determinante para que ele se tornasse o monstro que seu comportamento previa.

Vovô e vovó

(Fonte: La Vanguardia/Reprodução)

Quando atingiu os 14 anos de idade, depois de ser exilado por Clarnell, que temia que ele estuprasse as próprias irmãs, Edmund Kemper fugiu de casa e, consequentemente, das garras da mãe neurótica, para se abrigar na fazenda onde os avós paternos moravam, em North Fork, na Califórnia. Ele detestava aquele lugar, detestava os avós e tudo o que lembrava a família da qual não queria fazer parte. Sempre discutindo com os parentes que não concordavam com seu comportamento, o garoto não conseguia e não queria estar perto de ninguém, por isso, como válvula de escape, aprendeu a manusear apropriadamente armas de fogo para poder descarregar sua fúria em pássaros e outros animais menores nos arredores do local.

Devido a isso, os seus avós lhe tomaram o rifle que ele carregava sempre e essa ira crescente se voltou definitivamente para o casal. Então, no dia 27 de agosto de 1964, já aos 15 anos de idade e depois de mais uma das discussões acaloradas com a avó Maude Kemper, Edmund recuperou a arma do esconderijo e disparou contra a senhora dentro da cozinha, matando-a instantaneamente. Pensando em como o avô, Edmund Emill Kemper I, ficaria furioso e descontrolado ao descobrir o que ele havia feito, assim que o homem chegou do supermercado, o garoto saiu de casa e atirou nele ainda dentro do carro. O homem também morreu na hora.

Sem saber o que fazer, Edmund ligou para a mãe, que o instruiu para que ele contatasse a polícia imediatamente. Ele foi levado em custódia e afirmou que teve a intenção de atirar em Maude Kemper, pois sempre quis saber qual era a sensação de “matar a vovó”.

Edmund foi conduzido para o Atascadero State Hospital, uma instituição para doentes mentais, onde permaneceu por 6 anos até ser solto no seu aniversário de 21 anos, em 18 de dezembro de 1969, sob liberdade condicional e aos cuidados de sua mãe, que já havia casado e se divorciado de novo. Durante todo esse período, ele foi um detento/paciente exemplar e chegou a ser considerado um tipo de sociopata atípico, por conta de sua introspecção e nível de inteligência muito alto. Ele demonstrava para os psiquiatras que o acompanhavam que havia se recuperado depois de anos em trabalhos de reeducação.

De volta às raízes

(Fonte: The Sun/Reprodução)

Depois de ter seu histórico criminal apagado, Edmund Kemper tentou viver uma vida comum, mas a reconexão com a mãe e a sociedade em si trouxeram de volta os seus piores pensamentos e impulsos. Após ser atropelado por um carro, ficar afastado de qualquer trabalho e receber uma indenização de US$ 15 mil, em maio de 1972, o homem voltou sua mente para o propósito que lhe dava prazer: matar. Sendo assim, passou a estocar ferramentas que poderiam ser úteis e sair às voltas com seu carro oferecendo carona para garotas.

Ele demorou até 7 de maio do mesmo ano para coletar as suas duas primeiras vítimas: Mary Ann Pesce e Anita Luchessa, ambas de 18 anos de idade e estudantes da Universidade de Fresno. Edmund esfaqueou as garotas até que todos seus órgãos vazassem para fora. Decapitou e mutilou as mãos delas e, antes de descartar a cabeça de Mary Pesce na floresta, ele teve relações sexuais com o que sobrou do corpo dela. Os restos mortais nunca foram encontrados.

Mais tarde, em 14 de setembro de 1972, foi a vez de Edmund Kemper raptar a estudante Aiko Koo, de 15 anos, que pegou uma carona com ele ao invés de esperar o ônibus para a sua aula de dança semanal. Ele dirigiu até uma remota área arborizada onde sufocou e estuprou Aiko dentro do carro. Depositou o corpo da garota no porta-malas e foi beber num bar próximo. Ele confessou ter passado alguns minutos admirando a sua “obra de arte”, como um pescador fazia depois de fisgar um grande peixe. Em seguida, Edmund teve relações sexuais com o cadáver de Aiko antes de desmembrá-lo e se livrar dele. Ela também nunca foi encontrada.

Em janeiro de 1973 foi a vez de Cindy Schall, em quem ele atirou e matou na hora. Então, levou o corpo dela para a casa de sua mãe, mutilou-o, enterrou a cabeça dela no jardim e jogou seus restos no oceano. Várias partes de Cindy foram encontradas na areia da praia. Em 5 de fevereiro, Rosalind Thorpe e Alice Liu receberam dois tiros na cabeça de Edmund e também tiveram seus membros cortados e largados em diferentes partes da floresta.

Finalmente, mamãe

(Fonte: The Scare Chamber/Reprodução)

Na Sexta-Feira Santa de abril de 1973, Edmund Kemper cometeu o que seria definido por ele mesmo como "o suprassumo de seus crimes". A realização de sua fantasia de infância. Na tarde desse dia, o homem foi à casa de sua mãe como sempre costumava fazer, só que dessa vez eles acabaram tendo uma das piores discussões de todos os tempos. Tendo atingido o seu limite, Edmund esperou que a mulher dormisse para atacar a cabeça dela com marteladas e depois lhe cortar a garganta com uma faca. Ele então arrancou as mãos dela, decapitou-a, teve relações sexuais com a cabeça dela, removeu a laringe e, finalmente, colocou-a no depósito de lixo.

Na mesma noite, telefonou para a melhor amiga da mãe, Sally Hallet, e, alegando uma urgência de saúde por parte de sua mãe, convenceu que a mulher fosse até a casa. Edmund estrangulou Sally assim que ela entrou e escondeu o seu corpo num armário.

O homem dirigiu para o leste, porém acabou se entregando às autoridades após se sentir desencorajado e com o ego frustrado por não ouvir nenhuma notícia sobre os seus assassinatos no rádio.

Feliz para sempre

(Fonte: Daily Mail/Reprodução)

Em outubro de 1973, Edmund Kemper III foi acusado de oito homicídios e considerado culpado de todas as acusações. Ele pediu pena de morte por tortura para o júri, mas como a pena de morte estava suspensa naquela época na Califórnia, o homem foi apenas sentenciado à prisão perpétua na Califórnia Medical Facility junto psicopatas notórios, como Charles Manson.

Autodeclarado feliz para sempre por ter feito o que fez, Edmund Kemper foi entrevistado pela revista Cosmopolitan sobre como se sentia ao ver uma mulher depois de ter finalmente executado a sua mãe. Em resposta à pergunta, ele disse: “Parte de mim diz: eu gostaria de falar com ela, sair com ela. E a outra parte de mim diz: eu me pergunto como a cabeça dela ficaria numa estaca”.

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