Diferenças entre homens e mulheres? Elas podem não existir

08/12/2015 às 11:122 min de leitura

Sem dúvidas, você já ouviu muito a frase “Os homens são de Marte, as mulheres são de Vênus”, para explicar e difundir a ideia de que os dois sexos têm características e comportamentos diferentes. Existem escolas apenas para meninos ou apenas para meninas, brinquedos separados para cada gênero, além de tratamentos voltados à cada grupo específico. Mas uma nova pesquisa indica que as diferenças entre os cérebros de homens e mulheres são muito pequenas. A descoberta pode mudar a forma como os cientistas estudam o órgão e até mesmo como a sociedade define os gêneros.

Durante o século 19, pesquisadores afirmavam que era possível distinguir o sexo de um indivíduo apenas observando o seu cérebro. Mas um novo estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, em Israel, descobriu que os cérebros humanos não se dividem perfeitamente em categorias “feminino” e “masculino”.

Durante a pesquisa, os cientistas mapearam imagens dos cérebros e começaram a procurar diferenças entre os sexos. Algumas disparidades pequenas foram relatadas: por exemplo, nos homens, a amígdala – parte do sistema límbico e importante centro regulador do comportamento sexual, dos sentimentos e da agressividade – é maior do que nas mulheres.

A líder do projeto, Daphna Joel, neurocientista comportamental, utilizou conjuntos existentes de imagens de cérebros para medir o volume de matéria cinzenta (tecido nodoso que contém o núcleo de células nervosas) e matéria branca (feixes de fibras nervosas que transmitem sinais ao redor do sistema nervoso) no cérebro de mais de 1,4 mil indivíduos.  

Outra descoberta importante é que o hipocampo esquerdo, uma área do cérebro associada com a memória, é geralmente maior em homens do que em mulheres. Em cada região, no entanto, houve sobreposição significativa entre homens e mulheres: algumas mulheres tinham um hipocampo de maiores dimensões, por exemplo, enquanto o hipocampo de certos homens era menor do que o da média do sexo feminino.

Para explicar essa sobreposição, os pesquisadores criaram um “contínuo” de “feminilidade” e outro de “masculinidade”. A zona de extremidade masculina continha características mais típicas dos homens, e a zona de extremidade feminina agrupava a versão das mesmas estruturas mais frequentemente observadas em mulheres. Em seguida, a equipe marcou cada região por indivíduo, para descobrir onde eles se encontravam naquele contínuo macho-fêmea.

A maioria dos cérebros eram um mosaico de estruturas masculinas e femininas: entre 23% e 53% dos cérebros continham uma mistura de todas as regiões. Poucos cérebros, entre 0% e 8%, tinham todas as estruturas do sexo masculino ou do sexo feminino.

Então, como explicar a ideia de que homens e mulheres parecem se comportar de forma diferente? Isso também pode ser um mito, diz Joel. Sua equipe analisou dois grandes conjuntos de dados que avaliaram as atitudes e reações estereotipadas dos gêneros. Os indivíduos eram igualmente variáveis: apenas 0,1% dos indivíduos exibia apenas comportamentos estereotipados como femininos ou masculinos. Assim, “não há nenhum sentido em falar sobre a natureza do sexo masculino ou natureza feminina”, diz Joel.

Os resultados têm implicações amplas. Por um lado, ela afirma que os pesquisadores que estudam o cérebro podem não precisar mais comparar machos e fêmeas ao analisar seus dados. Por outro lado, diz ela, a extrema variabilidade dos cérebros humanos debilita as justificativas para a educação sexualmente segregada com base nas diferenças inatas entre homens e mulheres, e até mesmo as nossas definições de gênero como categoria social.

O trabalho “contribui de forma importante para a conversa”, diz Margaret McCarthy, uma neurofarmacologista da Universidade de Maryland, em Baltimore, que estuda preconceitos de gênero em doenças neurológicas e mentais. Mas ela discorda de que pode não ser útil considerar o sexo como uma variável quando se estuda o cérebro, já que, por exemplo, os homens têm cinco vezes mais chances de desenvolver autismo, e as mulheres são duas vezes mais propensas a sofrer de depressão.

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