Évariste Galois, o matemático e ativista radical que morreu por amor

25/11/2014 às 05:102 min de leitura

Vai dizer que não é difícil imaginar um gênio matemático como sendo um ardente ativista político e romântico incorrigível! Pois no século 19 viveu um jovem francês chamado Évariste Galois que, além de contribuir enormemente para a evolução da matemática — foi ele quem criou a teoria dos grupos e determinou a condição necessária para que um polinômio pudesse ser resolvido por raízes —, morreu aos 20 anos em um duelo por conta de suas paixões.

O pobre Galois viveu durante um período bem conturbado da História. Habitante de Bourg-la-Reine, um dos subúrbios de Paris, seu pai era uma importante figura local. Em 1815, depois que Napoleão escapou de Elba e voltou ao poder, quando Évariste tinha apenas 4 anos, seu pai foi eleito prefeito da localidade.

Educação

O menino foi educado em casa até os 12 anos de idade e, aos 16 e 18 anos, tentou entrar para a prestigiosa École Polytechnique de Paris — frequentada pelos principais matemáticos franceses da época e conhecida por ser a instituição de ensino de escolha dos republicanos. Évariste foi recusado nas duas ocasiões, sendo admitido pelo Collège Royal de Louis-le-Grand, o atual Lycée Louis-le-Grand.

Galois não se deixou abater pelo fato de não ter sido aceito pela École Polytechnique e continuou desenvolvendo suas teorias. Ele inclusive mandou seus trabalhos para a Académie des Sciences em três ocasiões. Nas duas primeiras vezes, a instituição perdeu seus estudos e, na terceira vez, os matemáticos — que não compreendiam as ideias do jovem gênio — reprovaram seu trabalho.

Ativismo

No entanto, a vida de Galois começou a se complicar de verdade depois do suicídio de seu pai, cometido devido a fortes desentendimentos com a oposição conservadora em Bourg-la-Reine, formada pelos monarquistas. Republicano, o matemático decidiu defender essa causa política fervorosamente, inclusive indo parar várias vezes na prisão por conta de seu ativismo radical. E, após se envolver em uma série de controvérsias, acabou se afastando da carreira científica.

Évariste morreu em circunstâncias bizarras, e até hoje não se sabe ao certo o que o levou ao duelo que resultou em sua morte. Especula-se que o enfrentamento possa ter sido motivado por seu envolvimento com o movimento republicano, embora a versão mais difundida seja a de que o combate ocorreu por conta de um percalço de origem romântica.

O matemático teria se apaixonado por Stéphanie-Félicie du Motel, filha de um importante médico parisiense, mas a moça já estava comprometida com outro homem— aparentemente muito melhor no gatilho do que Galois.

Sentença de morte

Évariste estava convencido de que não sobreviveria ao duelo. Assim, na véspera do encontro com o oponente, o jovem passou a noite trabalhando desesperadamente no que se tornaria seu legado matemático. Galois escreveu uma espécie de testamento científico endereçado a seu amigo Auguste Chevalier onde resumiu seu trabalho e incluiu algumas ideias e teoremas novos.

O duelo ocorreu apenas um mês depois de Évariste ter sido liberado da prisão, onde havia passado seis meses preso devido ao seu ativismo político. O tiro o acertou no abdome, e Galois foi abandonado para morrer sozinho. Contudo, um aldeão o encontrou ainda com vida, mas o matemático faleceu depois de agonizar durante um dia inteiro no hospital.

Suas últimas palavras foram dirigidas a seu irmão Alfred e teriam sido "Ne pleure pas, Alfred! J'ai besoin de tout mon courage pour mourir à vingt ans!" — ou "Não chore, Alfred ! Eu preciso de toda a minha coragem para morrer aos vinte anos!" em tradução livre.

Por sorte, seu trabalho foi encaminhado para alguns dos principais matemáticos europeus da época e, mais tarde, depois de ser avaliado, foi publicado, permitindo que Galois recebesse o crédito — ainda que póstumo — por sua genialidade.

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