Polêmica: a mulher que devolveu seu filho adotivo e diz que ainda o ama

02/09/2016 às 05:333 min de leitura

A britânica Claire Patterson já tinha decidido que seria mãe e não queria esperar encontrar “a pessoa certa” para isso, então acabou adotando um menino de um ano e meio de idade em fevereiro de 2011. O que parecia ter sido a realização de um sonho acabou de maneira estranha e polêmica: em abril de 2013, ela decidiu devolver a criança ao abrigo.

O motivo? Com o passar do tempo, ela descobriu que o bebê tinha uma doença cerebral e passaria a necessitar de cuidados intensos. Em uma declaração publicada no The Independent, Claire disse que chegou a um ponto em que não conseguiu mais lidar com a condição da criança.

Essa história inevitavelmente ganhou grande repercussão, até mesmo porque são raros os casos de pessoas que devolvem filhos adotivos. A questão é que quando algo do gênero acontece, as consequências costumam ser traumáticas para todos os envolvidos.

Entenda o caso

Para Claire, devolver a criança é uma sensação de fracasso, culpa e tristeza. Além do mais, ela comenta sobre o estigma ao redor da sua atitude, já que ninguém fala muito sobre o assunto – Claire disse ter encontrado suporte em uma instituição britânica que dá apoio a pessoas que, por algum motivo, desistem dos filhos que tinham adotado. Ela afirma que esse tipo de iniciativa é importante para acabar com o tabu que envolve o cancelamento de adoções.

A britânica conta que decidiu adotar o garoto depois de ver um vídeo dele aos 10 meses de idade: “Ele tinha esse sorriso adorável e quando o relato disse que ele era um bebê saudável, eu mal podia esperar para levá-lo para casa”, declarou. Foi depois da adoção que ela começou a reparar que o filho apresentava dificuldades de desenvolvimento.

O bebê não engatinhava nem conseguia se mexer normalmente. Segundo Claire, a criança raramente chorava e dormia em excesso, além de não apresentar sinais de desenvolvimento em relação à fala de um modo geral. No início, ela levou o filho a uma série de especialistas diferentes, mas em outubro de 2012 o menino teve sua primeira crise epilética.

“Foi muito assustador e, embora o hospital tenha feito o possível, em pouco tempo ele estava tendo até 36 convulsões em um período de 24 horas. Foi incrivelmente estressante e eu mal podia trabalhar”, contou. Ainda de acordo com Claire, os assistentes sociais responsáveis pela adoção não disponibilizaram os dados dos pais biológicos da criança.

Sem saída

Só agora ela teve acesso a esses documentos. Ela diz que neles constam informações que, se ela tivesse lido antes da adoção, teriam feito com que ela mudasse de ideia. O fato é que, depois de muitos exames e consultas médicas, Claire foi informada de que o estado da criança era realmente grave – além disso, os especialistas explicaram que cada nova convulsão piorava a situação do bebê em termos neurológicos.

Ao dizer à assistência social que ela não tinha mais como lidar com a situação, Claire foi informada sobre a possibilidade de devolver a criança – segundo ela, nesse caso tanto os assistentes sociais quanto os médicos entenderiam. “Eu senti que não tinha escolha. As pessoas têm me dito que eu nunca faria isso se fosse meu filho biológico, mas eu acho que eu faria e eu quero deixar absolutamente claro que eu não abandonei meu filho. Eu garanti que ele seria bem cuidado”, declarou.

Em defesa de Claire, Rachel Cooper, que também devolveu um filho adotivo, contou sua história: no caso dela, o garoto já era adolescente quando voltou ao abrigo. O motivo foram as diversas ameaças de violência que o garoto fez à família adotiva: “Algumas pessoas têm dito que eu não teria feito isso se ele fosse minha própria carne e meu sangue, mas eu acho que isso não poderia fugir mais ao ponto”, disse Rachel.

No caso do garoto adotado por Rachel, ela acredita que os traços de violência têm relação com o ambiente hostil e abusivo no qual o menino nasceu. Ela conta que acreditava que esses problemas seriam resolvidos quando o garoto começasse a fazer parte de uma nova família, mas que não foi isso o que aconteceu.

Outro ponto de vista

Segundo a professora Julie Selwyn, que trabalha com assuntos de adoção e assistência social, a maioria dos filhos adotivos é devolvida na adolescência e, em muitos casos, isso não significa que a criança perde totalmente o contato com a família adotiva. De acordo com a pesquisadora, muitos pais dão suporte financeiro aos filhos que retornaram às instituições de abrigo, além de manterem contato por meio de visitas e telefonemas.

Em casos assim, a reaproximação vai acontecendo de maneira gradual e, mesmo quando isso não acontece, muitos desses jovens acabam voltando para a família adotiva na fase adulta de suas vidas.

Selwyn acompanhou mais de 37 mil processos de adoção em um período de 12 anos – 91% dessas crianças adotadas vivenciaram episódios de violência doméstica e 34% de estupro antes de entrarem para a nova família. Além disso, 97% das crianças que foram inicialmente retiradas de suas casas apresentavam problemas de saúde mental.

Por essas e outras, Selwyn pede para que as pessoas se coloquem no lugar dos pais adotivos, que geralmente são pessoas com dificuldades de fertilidade e que, na primeira oportunidade de adoção, aceitam a criança disponível acreditando que tudo será um mar de rosas, mas acabam em situações bastante problemáticas. E você, leitor, o que pensa sobre o tema? Conte para a gente nos comentários.

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