Assexuais: pessoas sem interesse por sexo são mais comuns do que você pensa

20/02/2015 às 10:414 min de leitura

Há pouco tempo, falamos aqui no Mega Curioso sobre como metade dos japoneses adultos simplesmente deixaram de fazer sexo e como seus jovens vêm demonstrando um crescente desinteresse pelo assunto – saiba mais clicando aqui. Ao que parece, no entanto, a assexualidade é uma realidade que vai muito além da Terra do Sol Nascente e envolve cada vez mais pessoas, espalhadas pelo mundo inteiro.

De acordo com o Wired, esse é o caso de três estudantes da Universidade de Tennessee, nos EUA, chamados Rae, Sean e Genevieve, cada um representando um tipo diferente de pessoa que explora a incomum ideia da vida sem sexo – ou quase sem sexo. Enquanto a primeira se descreve como uma assexual arromântica, os outros dois definem-se respectivamente como um demissexual heterorromântico e uma assexual-cinza panromântica.

Se esses nomes não fizerem sentido algum para você, não é preciso se preocupar. Como a identidade sexual que descreve as pessoas que não se interessam pelo bom e velho coito ainda não foi muito estudada, as nomenclaturas, subdivisões e classificações atualmente disponíveis acabaram sendo criadas no fértil e obscuro terreno dos fóruns, blogs, Tumblrs e subreddits espalhados pela internet.

Mas o que isso quer dizer?

Embora essas definições ainda sejam consideravelmente mutáveis, elas podem ser definidas em linhas gerais com base no que encontramos na rede. Atualmente, um demissexual é uma pessoa que raramente sente desejo físico por outra, e mesmo isso só acontece dentro de um relacionamento com altíssimo nível de intimidade.

Já os assexuais-cinzas são aqueles que vagam pelos “tons de cinza” entre a completa e absoluta assexualidade e os níveis mais comuns de interesse sexual. Além disso, há ainda uma ampla gama de definições para especificar os tipos de atrações que os assexuais sentem por outros seres humanos.

No caso dos estudantes citados acima, um arromântico não se atrai por ninguém, enquanto um heterorromântico pode gostar não sexualmente de pessoas do gênero oposto – homens gostando de mulheres e vice-versa. Por fim, um panromântico é alguém que pode se apaixonar por pessoas de qualquer tipo ou sexo, mas também sem sentir atração sexual.

Tudo pode mudar

Se toda essa taxonomia parece algo genérico e confuso, isso se deve ao fato de que a falta de estudos sérios sobre a assexualidade fez com que essas pessoas tivessem que criar esses nomes por conta própria. Dessa forma, as nomenclaturas não descrevem necessariamente identidades fixas, mas servem como sinalizadores para que os assexuais consigam encontrar pessoas com “condições” similares na internet.

Assim sendo, os próprios demissexuais e assexuais-cinzas não costumam se prender muito ao “rótulo” que escolhem para si mesmos e tendem a aceitar confortavelmente a possibilidade de que podem mudar. “Absolutamente todos os assexuais que já conheci abraçam a ideia de fluidez – eu posso ser cinza ou assexual ou demissexual. Nós não nos importamos muito”, diz Claudia, uma estudante de 24 anos de Las Vegas.

Embora isso certamente facilite suas vidas na hora em que eles pensam sobre si mesmos, as cosias certamente não são tão simples no que diz respeito a seus amigos e parentes, que costumam achar tudo muito estranho. Enquanto alguns pensam se tratar apenas de uma fase, outros chegam a achar que há algo seriamente errado na psique ou com relação aos hormônios dos assexuais, o que não é necessariamente verdade.

Sem traumas

“[A assexualidade] é um conceito tão estranho para a maioria das pessoas que elas acabam acreditando que deve haver alguma explicação patológica”, diz Lori Brotto, psicóloga e professora de ginecologia da Universidade da Columbia Britânica. Embora não haja provas definitivas de que os hormônios não têm relação com a questão, a maioria dos assexuais teve uma puberdade normal e não apresentou problemas psicológicos.

Os afetados pelo conhecido distúrbio de desejo sexual hipoativo – a famosa perda de libido – costumam se sentir mal pela condição devido ao fato de conhecerem e sentirem falta de seu desejo sexual. Por outro lado, a maioria dos assexuais nunca possuiu uma libido muito forte ou, mesmo quando teve, isso foi só em momentos muito específicos, de forma que essa questão dificilmente os incomoda.

Ainda assim, por mais que a assexualidade não seja causada por problemas psicológicos, ela pode muitas vezes ser a origem de alguns deles. Segundo um estudo de Brotto, as pessoas assexuais costumam ser mais propensas a problemas de saúde mental, o que provavelmente é decorrente do isolamento e da tensão que sentem por parte de seus parentes e amigos.

Pressão e visibilidade

“Todo mundo pressiona você: ‘por que não está namorando? Você precisa transar. Por que não está prestando atenção nessas mulheres?’”, conta Mike, um canadense de 27 anos. De forma geral, os assexuais não costumam ser atacados pelos demais, mas frequentemente são deixados de lado ou se tornam alvo de brincadeiras. “Não somos demonizados – viramos motivo de risada”, diz Genevieve.

Embora não se importem muito com o que pensam deles, Era, Sean e Genevieve lamentam o fato de que a assexualidade e suas variações sejam assuntos quase invisíveis na cultura mainstream. Ainda assim, o tema vem surgindo com uma frequência crescente, como foi o caso de um ebook publicado pela assexual Julie Sondra Deckers, chamado “The Invisible Orientation: Na Introduction to Asexuality”.

Na cultura pop, o assunto causou certo barulho quando foi ligado a Daryl Dixon, um dos mais queridos personagens do seriado de zumbis The Walking Dead. Respondendo a especulações sobre a possibilidade de o herói ser gay, o criador Robert Kirkman descreveu Daryl como “meio assexual” – levando a comunidade a explodir de alegria. “Sim, é só um programa de TV, mas esse tipo de coisa simplesmente não costuma acontecer”, comenta Genevieve.

Questão de identidade

Ainda que não tenham sido oficialmente reconhecidos pela sociedade, os assexuais, demissexuais e outros subgrupos vêm para mostrar que nossa visão a respeito de amor e relacionamentos ainda é algo muito limitado, independentemente de qual seja a nossa orientação sexual. Até mesmo as definições mais progressistas de sexualidade não costumam considerar a assexualidade como uma realidade séria.

Casos como o de Rae, Sean, Genevieve e muitos outros ainda são algo que choca e confunde a maioria das pessoas que entram em contato com o tema, e provavelmente será necessário que muito tempo passe para que eles sejam totalmente compreendidos. Ainda assim, os jovens se sentem alegres por finalmente poderem se identificar. “Eu passei 15 anos me sentindo envergonhado sobre tudo e agora não faço mais isso”, conclui Rae.

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