Cosmonautas russos passaram 1 ano na cama em nome da ciência

18/12/2013 às 13:292 min de leitura

Parece até que estamos falando do emprego ideal para os preguiçosos de plantão: passar dias e mais dias deitado em uma cama sem fazer nada. Pode até parecer fácil, mas, na verdade, foi um desafio cumprido por 11 corajosos cosmonautas russos.

O experimento – que teve início em janeiro de 1986 – fez com que os voluntários ficassem 370 dias inteiros na mesma posição, sem poder se levantar nem sequer se sentar. O objetivo por traz dessa façanha era descobrir o que poderia acontecer a uma pessoa durante uma longa jornada em microgravidade.

Boris Morukov, do Institute for Biomedical Problems, de Moscou, na Rússia, era cosmonauta, médico e foi o responsável pelo estudo. Em sua carreira, ele se especializou em cardiologia, gastroenterologia, oftalmologia e otorrinolaringologia. E justamente por conhecer bem o corpo humano, ele decidiu ir além e realizou o que a NASA chamou de “experimento de 370 dias dedicado à realização de testes experimentais de um complexo de contramedida para voos espaciais prolongados”.

As consequências do repouso

Em outras palavras, tratava-se do desafio de 11 homens de se manterem por um ano na mesma posição pelo bem da ciência. Eles tinham entre 27 e 42 anos e, curiosamente, muitos deles eram médicos também. A maioria tinha esposa e filhos, que eles só poderiam ver aos domingos.

Como os astronautas passavam períodos cada vez mais longos no espaço a partir da década de 1960, experimentos desse tipo não eram de todo incomum, mas essa foi a primeira vez que voluntários se comprometeram por um período tão longo.

O cosmonauta e médico Boris Morukov. Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

A posição escolhida por Morukov para realizar o experimento se justifica por produzir efeitos semelhantes ao da microgravidade: o coração tem seu ritmo diminuído por não precisar mais trabalhar contra a gravidade, o esqueleto e os músculos não recebem mais tanto estímulo e a contagem de glóbulos vermelhos diminui – tudo isso porque o corpo passa a trabalhar menos e precisa de uma quantidade menor de oxigênio.

As primeiras consequências desse repouso absoluto – em que é preciso comer, fazer as necessidades básicas e higienizar o corpo sem mudar de posição – são a perda de músculos e o enfraquecimento dos ossos. Os órgãos internos também começam a ter suas funções afetadas, como o coração que tem seu ritmo desacelerado e o sistema digestivo que passa a apresentar problemas.

O reconhecimento do esforço

Para fazer com que os dias passassem mais rápido, os participantes do estudo gastavam parte do seu tempo assistindo televisão e lendo. Logo no início, eles planejaram aprender um idioma, mas desistiram desse projeto duas semanas depois.

Depois de quatro meses, alguns deles começaram a fazer atividades físicas, como levantar peso e caminhar em uma esteira vertical instalada na frente da cama. A ideia era tentar reverter os efeitos da deterioração do corpo com exercícios, mas eles descobriram que isso não era suficiente para mantê-los em forma.

Fonte da imagem: Reprodução/Shutterstock

Ao longo do experimento, os voluntários também foram colocados em centrífugas cuja aceleração era oito vezes maior do que a gravidade da Terra. Quando o experimento chegou ao fim, os voluntários passaram dois meses aprendendo a andar novamente.

Mais curiosidades sobre o experimento

  • Como recompensa, cada um dos participantes ganhou um carro – o que não era um bem exatamente fácil de se conquistar na Rússia daquela época;
  • Um dos voluntários desistiu depois de três meses. Curiosamente, ele tinha um carro;
  • Nem todos os casamentos resistiram ao experimento. Por outro lado, um dos voluntários se apaixonou por uma pesquisadora que estava envolvida no projeto;
  • Os participantes aproveitavam as embalagens de alumínio nas quais eram servidas suas refeições para criar presentes para a equipe. As enfermeiras receberam medalhas e Morukov foi presenteado com um guerreiro de armadura.
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