Pesquisa aponta relação entre olfato e senso de localização

02/11/2018 às 10:012 min de leitura

Aplicativos de navegação são cada vez mais utilizados no trânsito caótico das cidades. Todos querem encontrar o caminho mais rápido para casa no fim de um dia cansativo, mas já pensou se a melhor forma de se localizar fosse o seu próprio nariz?

Os detalhes dessa correlação ainda estão sendo estudados, porém uma pesquisa mostrou que quem identifica odores mais precisamente também se sai melhor em tarefas de navegação. Apesar de a associação parecer estranha, segundo os pesquisadores essas habilidades provavelmente evoluíram de modo conjunto.

Cheire o caminho

Uma proposição sobre possíveis relações entre o tamanho do bulbo olfatório e um senso de navegação mais desenvolvido foi publicada em 2012 por Lucia Jacobs, especialista em comportamento animal da Universidade de Berkeley. No artigo, ela argumenta que um bulbo avantajado teria menos a ver com a precisão do olfato e mais com o senso de navegação, mesmo para animais que não utilizam o sentido como principal forma de interação com o mundo.

Agrupando uma série de estudos sobre como o sistema olfativo funciona, evoluiu e se distribui proporcionalmente em diversos animais, a especialista associou o tamanho dos bulbos a habilidades de mapeamento espacial em aves, répteis, peixes e mamíferos para apontar as relações entre eles. Utilizando o trabalho de Jacobs como base, um grupo de pesquisadores da Universidade McGill, no Canadá, resolveu testar a validade dessa correlação entre olfato e orientação espacial.

A navegação através de pontos de referência utiliza uma parte do cérebro onde está localizado o hipocampo, região associada às memórias de curto e longo prazos, junto com a memória espacial. O córtex orbifrontal medial (mOFC), área ligada ao olfato, foi o principal objeto de estudo, pois ainda não existem provas de que ele influencie na memória espacial, apesar de seu tamanho variar diretamente de acordo com a capacidade de orientação.

Odor localizado

Para o teste de orientação, foram recrutados 57 jovens. Eles andaram durante 20 minutos por uma cidade virtual, guiados pelos pesquisadores, que garantiram a passagem por oito pontos de referência predeterminados por pelo menos duas vezes. Após o processo, cada um foi posicionado em frente a um desses pontos, e o desafio era encontrar a menor rota até outro deles, especificado pelos cientistas.

Em uma segunda etapa, eles eram apresentados a amostras de diferentes odores e precisavam associar o que cheiravam a quatro palavras apresentadas em uma tela. Na sequência, a terceira etapa do teste colocava os participantes em um labirinto virtual, onde precisavam se orientar em um ambiente totalmente desconhecido. Lá se observava se os indivíduos optavam pela utilização de pontos de referência como forma de localização ou agiam através do método estímulo-resposta, baseado na familiaridade com o local, que se adquire com o tempo.

Por fim, a última etapa mediu o tamanho do mOFC e o volume do hipocampo de cada participante. Através dos dados obtidos, os pesquisadores chegaram à conclusão de que aqueles que alcançaram as notas mais altas no teste de odores também se saíram melhor no teste de orientação.

A pesquisa, publicada no periódico Nature Communications, ainda identificou nesses participantes um maior volume do hipocampo e espessura do mOFC. Isso, segundo os especialistas, seria a evidência de que uma região associada inicialmente apenas ao olfato teria ligações com a orientação espacial.

A conexão entre a capacidade olfativa e a de navegação, de acordo com a pesquisa, seria resultado da evolução conjunta desses sistemas neurais, que originalmente teriam o objetivo de auxiliar nossa memória espacial. Cada vez mais, a ciência avança e consegue entender a forma de funcionamento do nosso cérebro, com a descoberta de que funções consideradas simples são muito mais complexas quando analisadas a fundo.

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