Você sabe realmente o quão grande é o continente africano?

Todo mapa, por mais que tenha sido projetado para ser uma ferramenta educacional, é também uma ferramenta política. Ele é um documento como qualquer outro, composto das coisas que seu autor preferiu mostrar em detrimento de outras, de maior ou menor importância dependendo de quem se pergunta.

A forma como o continente africano tem sido retratado em grande parte dos mapas já produzidos é uma prova concreta disso. A dimensão territorial de suas nações é gigantesca. Ainda assim, a visão que temos da África geralmente é de apenas um monte de pequenas nações com nomes esquecíveis e que vivem em permanente estado de guerrilha.

O designer alemão Kai Krause criou há alguns anos um mapa diferente, ressaltando de forma bastante clara a grandiosidade do continente africano. Dentro de seus limites é possível combinar as áreas físicas ocupadas por Estados Unidos, China, Índia, Japão e praticamente toda a Europa.

O mapa elaborado pelo designer Kai Krause

Uma provável razão disso é o fato de que, desde o florescer da civilização ocidental, a África tem sido explorada por seus recursos. Até pouco mais de uma centena de anos atrás, sua população ainda era tratada como mercadoria. Ainda hoje a escravidão é legal no Sudão, e a Mauritânia – último país a abolir legalmente a escravidão, em 1981 – ainda possui o maior número percentual de escravos em sua população.

"O que isso tudo tem a ver com os mapas que usamos?", você deve estar se perguntando. Segundo Krause, toda representação bidimensional de um objeto tridimensional sofre distorções, que são inevitáveis, mas que ao mesmo tempo revelam um pouco de quem as produz. Quando temos uma visão distorcida do mundo, somos menos capazes de identificar corretamente de que forma devemos empregar os recursos que temos disponíveis e a quem devemos dar voz.

Para o designer, o interessante aqui é percebermos que a forma como representamos a geografia nos mapas é um reflexo da forma como ainda enxergamos a nossa sociedade em um contexto mundial. Ou seja, de modo geral ainda estamos muito longe de perceber a África com a grandeza que ela realmente possui.