Algumas espécies de sapos produzem sons inaudíveis ao ouvido humano

14/04/2024 às 19:002 min de leituraAtualizado em 14/04/2024 às 19:00

Um novo estudo publicado na revista Acta Ethologica descreveu como alguns sapos na América do Sul emitem potencialmente sons no espectro ultrassônico para se defenderem de seus predadores. Portanto, embora seus "gritos" sejam estridentes, eles não podem ser ouvidos pelos seres humanos.

O ultrassom na natureza são sons criados em uma frequência extremamente alta e inaudível para nós, que não conseguimos ouvir frequências superior a 20 kHz. Esse espectro sonoro também é usado por alguns mamíferos marinhos, morcegos e roedores para comunicação e localização de alimentos. 

Ultrassom entre anfíbios

Os sapos da espécie Haddadus binotatus estão entre aqueles que produzem sons ultrassônicos. (Fonte: Henrique Nogueira/Divulgação)
Os sapos da espécie Haddadus binotatus estão entre aqueles que produzem sons ultrassônicos. (Fonte: Henrique Nogueira/Divulgação)

De acordo com os pesquisadores envolvidos no estudo, uma das principais hipóteses é que os sapos usem o ultrassom como um pedido de socorro para membros da sua espécie. Porém, isso também pode ser um indicador de que sons de larga frequência são ótimos para assustar o maior número de predadores possíveis.

Em comunicado oficial, o coautor do estudo e ecologista do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-UNICAMP), Ubiratã Ferreira Souza, também destacou que o grito dos anfíbios também pode ter como objetivo atrair outros animais para servirem de isca para seus predadores — "sacrificando" vidas alheias para salvar a sua própria.

Um exemplo disso é a rã-da-serrapilheira (Haddadus binotatus), que vive na Mata Atlântica brasileira e utiliza essa tática sônica contra predadores em potencial, incluindo morcegos, roedores, algumas cobras e pequenos primatas. No estudo, os pesquisadores registraram "pedidos de socorro" dos anfíbios em duas ocasiões distintas. Dados aprofundados descobriram que o som emitido tinha entre 7 kHz e 44 kHz.

Estratégia para escapar da morte

Pesquisadores acreditam que anfíbios usem sons ultrassônicos para afastar predadores. (Fonte: Wikimedia Commons)
Pesquisadores acreditam que anfíbios usem sons ultrassônicos para afastar predadores. (Fonte: Wikimedia Commons)

Conforme analisado pelos pesquisadores, a rã-da-serrapilheira faz uma série de movimentos que se assemelham a posições de defesa ao emitirem seus gritos estridentes. Para isso, esses anfíbios levantam a parte da frente de seus corpos, abrem a boca e balançam a cabeça para trás. Em seguida, eles fecham parcialmente a boca e começam a emitir um som que varia de audível para humanos (7 kHz a 20 kHz) a uma frequência ultrassônica (20 kHz a 44 kHz).

“Considerando que a diversidade de anfíbios no Brasil é a mais alta do mundo, com mais de 2.000 espécies descritas, não seria surpreendente descobrir que outras rãs também emitem sons nessas frequências”, disse a coautora do estudo, Mariana Retuci Pontes, em nota. Durante o trabalho de campo, os especialistas obtiveram gravações de sons ultrassonográficos de três espécies de anfíbios asiáticos, mas não conseguiram determinar se esses sons eram realmente usados quando um predador se aproximava.

Como próxima etapa, os pesquisadores esperam abordar inúmeras questões que surgiram durante essa descoberta impressionante. Entre os tópicos a serem estudados estão quais predadores são sensíveis aos gritos ultrassônicos dos sapos, como esses outros animais reagem a ele e se o chamado procura assustá-los ou simplesmente atrair seus inimigos naturais.

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