Gravidade de Marte influencia oceanos e o clima na Terra

22/03/2024 às 08:002 min de leituraAtualizado em 22/03/2024 às 08:00

Apesar do tamanho reduzido e da distância, Marte pode provocar mudanças na circulação oceânica profunda e afetar o clima da Terra com sua atração gravitacional. A descoberta está no estudo feito por cientistas das universidades de Sydney (Austrália) e Sorbonne (França) publicado na Nature Communications no dia 12 de março.

Para achegar à conclusão, os autores analisaram o comportamento das correntes oceânicas nos últimos 65 milhões de anos por meio de amostras de sedimentos de águas profundas. Enquanto a sedimentação contínua indicava condições mais calmas no fundo dos mares, as quebras representavam correntes marítimas mais fortes.

A distância entre Marte e Terra varia conforme as posições orbitais de ambos. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
A distância entre Marte e Terra varia conforme as posições orbitais de ambos. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

De acordo com os pesquisadores, o aumento e a diminuição da força dessas correntes marítimas ocorria a cada 2,4 milhões de anos, o que foi batizado como “grandes ciclos astronômicos”. Ao comparar as variações com eventos astronômicos, eles fizeram uma descoberta inesperada.

Cada um dos grandes ciclos astronômicos coincidiu com registros de interações gravitacionais entre o Planeta Vermelho e a Terra. “Só há uma maneira de explicá-los: eles estão ligados a ciclos das interações de Marte e da Terra orbitando o Sol”, observou a líder do grupo de pesquisa, Adriana Dutkiewicz, em comunicado.

Como a gravidade de Marte influencia a Terra?

As marés também são influenciadas pela Lua. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
As marés também são influenciadas pela Lua. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Embora sutil, a influência gravitacional marciana modifica a excentricidade planetária, ou seja, o quão circular é a órbita terrestre ao redor do Sol. Isso significa que a cada ciclo, o planeta enfrenta períodos de maior ou menor exposição à radiação solar, com o clima ficando mais quente durante a época de alta luminosidade.

Quando havia mais calor na atmosfera, a quantidade de correntes oceânicas fortes aumentava, formando “redemoinhos gigantes” que em algumas ocasiões atingiam o fundo do mar abissal, erodindo a área e provocando grandes acúmulos de sedimentos. Já nos momentos de exposição reduzida ao Sol, este mecanismo perdia força.

Mesmo não tendo relação com o aquecimento global recente, as mudanças causadas pela interação dos campos gravitacionais dos dois planetas (ressonância) podem ajudar a entender o momento atual. É que o estudo desses movimentos permite compreender melhor como as altas temperaturas impactam a circulação oceânica.

Diminuindo os impactos do colapso da AMOC

As interações gravitacionais podem auxiliar na manutenção de temperaturas amenas. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
O colapso da AMOC pode afetar as temperaturas. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Caso a teoria sobre Marte se confirme, é possível que os redemoinhos gigantes mitiguem parcialmente a estagnação oceânica prevista com o colapso da Circulação Meridional do Atlântico (AMOC). Este sistema de correntes colabora com a estabilidade das temperaturas em diferentes regiões.

Em uma eventual ausência da AMOC, o ciclo cósmico que impulsiona as correntes no fundo do mar permitiria manter o sistema de circulação das águas pelo menos em parte, diminuindo os impactos do colapso previsto para algum momento neste século.

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