Tarenorerer: a feroz rebelde que lutou contra colonizadores na Tasmânia

31/03/2024 às 15:003 min de leituraAtualizado em 31/03/2024 às 15:00

Assim como muitas histórias de povos indígenas, as de Tarenorerer também foram rejeitadas pelos colonizadores por muitos anos — fazendo com que suas lendas se perdessem no tempo. Porém, um fato nunca se apaga: essa feroz guerreira aborígene lutou bravamente contra os colonizadores da Tasmânia, enquanto seu povo era massacrado para transformar sua terra em pastagens de ovelhas.

Nascida provavelmente em 1800, ela era membro do clã Tommeginne, que se juntou a pelo menos outros sete clãs da região para formar a Nação do Noroeste. Juntos, esses povos oprimidos batalharam incessantemente para tentar não ter sua história e cultura apagada.

A criação de uma brava guerreira

(Fonte: Internet/Reprodução)
(Fonte: Wikimedia Commons)

Os Tommeginne eram um grupo marítimo que dependia fortemente dos recursos costeiros para sobreviver. Enquanto os clãs do Noroeste subiam e desciam a costa com as estações, eles passavam a maior parte do tempo em Table Cape, uma península no noroeste da Tasmânia — uma grande ilha que faz parte da atual Austrália.

Pouco se sabe sobre as crenças ou práticas espirituais aborígenes porque os colonos não registraram muito os costumes desse povo. Porém, sabemos que cada um dos cerca de 100 clãs da região tinha um animal designado como totem. Terenorerer cresceu nos últimos anos desse estilo de vida tradicional, uma vez que os europeus começaram a explorar a Oceania já em 1606 e de lá foram expandindo sua influência ao longo dos séculos.

Em algum momento antes de 1825, Tarenorerer foi uma das muitas mulheres sequestradas e escravizadas por caçadores de focas. Detida contra sua vontade durante anos, ela aprendeu inglês nesse meio tempo e também como usar uma arma. Enquanto ela era escravizada, os colonos vieram para a ilha para viver e limparam terras para suas ovelhas pastarem. 

Isso rapidamente os colocou em conflito com os clãs que ocupavam a terra há gerações, o que eventualmente gerou a chamada Guerra Negra, em meados da década de 1820. Em 1828, ela escapou de seus escravizadores e tornou-se líder do Plairhekehillerplue, um clã que vivia ao redor da Baía de Emu. Como muitos clãs foram dizimados pela violência colonial no início de 1800, Plairhekehillerplue era provavelmente um conjunto de pessoas de muitos clãs diferentes.

Lutando por sua história

(Fonte: Wikimedia Commons)
(Fonte: Wikimedia Commons)

Em 1829, o vice-governador da Tasmânia, George Arthur, contratou um pregador e mestre construtor, chamado George Augustus Robinson, para tentar fazer as pazes entre os colonos e o povo aborígene da região. Mas o seu esforço em direção à paz foi tardio demais, uma vez que a população nativa já havia sido reduzida para 1 mil pessoas, de cerca de 6 a 10 mil que viviam na região em 1803.

É através dos relatos de Robinson que sabemos mais sobre Tarenorerer. Em 1830, ele registrou ter sido perseguido pelos membros do clã de Tarenorerer, que posteriormente seria capturada e levada para a Ilha dos Cisnes, onde alguns caçadores estavam estabelecidos. Evidentemente, ela se recusou a trabalhar para eles e um dia tentou matá-los enquanto navegava com o grupo.

Uma vez instalada na Ilha dos Cisnes, Tarenorerer começou a circular a história de que Robinson estava trazendo soldados para prender ou matar todos os aborígenes. Por isso, ela foi presa na Ilha Gun Carriage, onde foi mantida isolada para evitar maiores revoltas.

Final trágico

(Fonte: Wikimedia Commons)
(Fonte: Wikimedia Commons)

Neste período histórico, a gripe e outras doenças passaram a se espalhar rapidamente pelos assentamentos onde os aborígenes eram mantidos presos, e Tarenorerer foi uma de suas muitas vítimas. Segundo as tradições locais, ela deveria ter sido cremada ou enterrada nas areias fofas da praia, mas provavelmente não recebeu esse sepultamento por desrespeito dos colonos.

Robinson chegou a declarar que ficou "aliviado" quando ela morreu. Embora muitos membros de vários clãs resistissem à opressão colonial, ele culpou Tarenorerer e aos seus soldados por "quase todos os danos perpetrados". Sua morte marcou o início do fim da Guerra Negra, com vários grupos se rendendo em sequência. Com isso, não houve mais relatos de violência entre colonos e aborígenes nas áreas colonizadas da Tasmânia após janeiro de 1832.

Porém, o estrago já havia sido feito. Oficialmente, ao menos 1 mil vidas perdidas foram registradas durante o conflito: cerca de 225 colonos e entre 600 e 900 aborígenes. Tarenorerer até hoje é vista como um forte exemplo de combatente da resistência em uma guerra que seu povo acabou perdendo. Por fim, os poucos registros sobre sua existência são apenas um lembrete claro de como os colonos viam os povos indígenas como descartáveis em sua busca por ganho de capital. 

NOSSOS SITES

  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • Logo Mega Curioso
  • Logo Baixaki
  • Logo Click Jogos
  • Logo TecMundo

Pesquisas anteriores: