'Mestres do Ar': a história real por trás do 100º Grupo de Bombardeios dos EUA

27/01/2024 às 14:003 min de leitura

Após anos de espera, os fãs das séries Band of Brothers (2001) e The Pacific (2010) finalmente receberam uma "continuação" para os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial em Mestres do Ar (2023), dirigida por Steven Spielberg.

Dessa vez, a história fala sobre o 100º Grupo de Bombardeios, também chamado de "Centésimo Sangrento", que voaram bombardeiros da Inglaterra para a Alemanha durante o conflito armado e sofreram enormes perdas.

Se o que é retratado nas telinhas e telonas já não é bruto o bastante, a realidade foi ainda mais horrível. Por isso, nos próximos parágrafos, aprofundaremos sobre o que realmente aconteceu com esses soldados.

Início da jornada

(Fonte: Apple TV+/Divulgação)(Fonte: Apple TV+/Divulgação)

Cleven e Egan, os aviadores que estão no centro de Mestres do Ar, conheceram-se na primavera de 1940, quando foram designados para morar juntos na escola de aviação. Ambos se alistaram na Força Aérea dos Estados Unidos (USAAF) antes do ataque a Pearl Harbor — inspirados menos pelo patriotismo do que pelo desejo de se tornarem pilotos.

Juntos, os dois ficaram conhecidos como os "dois Buckys" por conta de seus apelidos iguais. Ambos foram enviados para servir no 100º Grupo de Bombardeios, um time de aviadores estabelecido em 1942 com uma formação de 37 tripulações, cada uma composta por 10 homens. Depois de passarem por treinamento corretivo nos EUA, o 100º partiu para Norfolk, na Inglaterra, no fim de maio de 1943. Na época, a Segunda Guerra Mundial já estava favorável para os Aliados, com o Eixo se rendendo no Norte da África e tropas se preparando para invadir o território nazista ocupado a partir de múltiplas frentes.

O grupo participou do seu primeiro bombardeio em 25 de junho daquele ano, pouco mais de duas semanas depois dos homens terem chegado na Inglaterra. Durante os ataques, as tripulações americanas de 10 pessoas engajaram-se em bombardeios de precisão à luz do dia, concentrando-se em alvos estratégicos. O objetivo era restringir a capacidade da Alemanha de "construir máquinas de guerra". 

Perigo constante

(Fonte: Fundação do 100º Grupo de Bombardeios/Reprodução)(Fonte: Fundação do 100º Grupo de Bombardeios/Reprodução)

Os homens da 101ª Divisão Aerotransportada e da Primeira Divisão de Fuzileiros Navais — os heróis das duas séries que precederam Mestres do Ar — passaram semanas ou meses na linha de frente e com poucas pausas. Os aviadores, por outro lado, poderiam estar "no seu beliche às 4 horas da manhã, no ar sobre Colônia às 10 horas, e depois num pub inglês às 20 horas", disseram historiadores.

As missões normalmente duravam menos de um dia e, quando terminavam, a tripulação sobrevivente podia voltar para seu dormitório e recarregar as baterias até o próximo confronto. Porém, servir na USAAF era mais perigoso do que lutar no solo e exigia um preço psicológico único, sendo o contraste entre o tempo passado na base e no ar especialmente nítido.

Um aviador poderia tranquilamente tomar café da manhã ao lado de dois amigos pela manhã e depois voltar para casa sem notícia de seus companheiros no fim do dia. Ou seja, ao contrário da guerra terrestre, não existe um corpo quando alguém é morto. Logo, era extremamente difícil saber se um aviador foi capturado, morto ou se simplesmente desaparecera.

A história do 'Centésimo Sangrento'

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Em 1943, o objetivo da USAAF para bombardear a Alemanha até a subsmissão centrou-se no B-17, que as autoridades acreditavam que poderia se defender contra caças inimigos enquanto lançava bombas sobre alvos industriais preciosos. Foi assim que as Forças Aéreas enviaram uma operação com mais de 1 mil bombardeiros para a Alemanha durante um período de sete dias chamado de "Semana Negra".

Contudo, devido a sucessiva onda de ataques da Luftwaffe, a força aérea alemã, o ataque foi facilmente abatido. Ao final daquela semana, 148 bombardeiros foram destruídos e 1,5 mil homens foram mortos ou capturados, entre eles Cleven e Egan. O primeiro foi capturado e interrogado pelos alemães, enquanto Egan se ofereceu para liderar um ataque a Münster em 10 de outubro para vingar seu amigo. 

A Semana Negra provou ser um ponto de virada na guerra aérea, concedendo uma vantagem à Luftwaffe e forçando os americanos a suspender os ataques de longo alcance. O revés, no entanto, foi temporário. Quando os Aliados desembarcaram na Normandia, em 6 de junho de 1944, a Força Aérea Alemã estava virtualmente derrotada, com seus caças atraídos por bombardeiros americanos.

Fim da guerra e legado

(Fonte: Fundação do 100º Grupo de Bombardeios)(Fonte: Fundação do 100º Grupo de Bombardeios)

Ao contrário da sua reputação, o 100º não sofreu o maior número de perdas entre os grupos da Oitava Força Aérea, o que fez com que muitos historiadores questionassem a reputação de "Centésimo Sangrento" em suas memórias. No entanto, vale ressaltar que o grupo sofreu perdas gigantescas de uma só vez.

No dia 6 de março de 1944, por exemplo, 15 aeronaves do 100º foram abatidas em Berlim. Das 306 missões realizadas por eles entre 25 de junho de 1943 e 20 de abril de 1945, apenas oito foram responsáveis por quase metade de suas perdas.

Os dois Buckys surpreendentemente sobreviveram ao conflito e permaneceram amigos íntimos por anos, com Egan servindo de padrinho de casamento de Cleven com sua namorada de infância. Ambos permaneceram na Força Aérea após a guerra. Egan acabou morrendo de ataque cardíaco em 1961, enquanto Cleven morreu em 2006 aos 87 anos. Suas histórias, no entanto, seguem vivas para a eternidade.

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