Qual foi a primeira Havaianas lançada no Brasil e como a marca construiu seu império?

04/02/2024 às 13:003 min de leitura

Embora o chinelo de dedo possa ser considerado um dos calçados mais simples já inventados pela humanidade, é preciso lembrar da marca que revolucionou esse produto: a Havaianas. A empresa brasileira levou o humilde chinelo a novos patamares e já chegou até a ser vendida por US$ 1 bilhão em 2017.

Em média, a marca vende cerca de 200 milhões de pares todos os anos, saindo do Brasil e distribuindo seus produtos por diversas outras partes do mundo. E embora tenha se expandido para fora do território nacional, a Havaianas também virou um sinônimo de Brasil, carregando a bandeira do país nas tiras de muitos de seus chinelos. Mas para que esse império fosse construído, muito trabalho aconteceu nos bastidores.

Quando a Havaianas surgiu?

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

A história da Havaianas começa em 1962, quando o primeiro par de chinelos "Tradi" foi desenvolvido no Brasil. A inspiração para o produto surgiu da sandália de dedo japonesa chamada "Zori". Os primeiros modelos tradicionais eram feitos de borracha e com o formato de grão de arroz como textura da palmilha. Quando surgiram pela primeira vez, os chinelos não apresentavam qualquer atrativo visual, porém tornaram-se destaque por serem extremamente baratos.

Em 1964, a Havaianas contava com um grupo de "vendedores-viajantes" que percorriam o país em Kombis vendendo seus produtos. Esses comerciantes estacionavam em frente ao comércio local, chamando a atenção dos transeuntes que desejavam ouvir notícias da cidade grande e comprar seus pares de chinelo. Dois anos depois, a empresa finalmente patenteou o chinelo de dedo de borracha, provando que seus calçados eram mesmo "os legítimos".

Cultura popular brasileira

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Um dos dados mais relevantes a respeito das Havaianas é que seus chinelos se tornaram, literalmente, um item essencial para a população brasileira. Nos anos 1980, o Ministério da Fazenda incluiu os chinelos na lista de produtos cipados. Isso significa que o preço era tabelado pelo Governo para que as pessoas pudessem comprar mesmo com ajustes na inflação.

Nesse período da história, fica evidente que as Havaianas tornaram-se um calçado tanto para ricos quanto para pobres. A empresa criou diversos protótipos de calçados e aceitou parcerias com outras marcas. Dessa forma, um chinelo que custava R$ 10 também poderia ser vendido por dez vezes esse valor.

Isso significa que a população média brasileira ainda podia comprar os modelos mais antigos por preços acessíveis, enquanto brasileiros emergentes ricos também veriam nas prateleiras chinelos novos e sofisticados. Assim, a empresa conseguiu destaque não apenas em território nacional, mas também fora do Brasil.

Expansão para fora do Brasil

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

A cada ano que passava, as Havaianas foram ganhando notoriedade por outros cantos do planeta. E uma das grandes revoluções internacionais surgiu em 1999, quando o estilista Jean Paul Gaultier decidiu utilizar o chinelo para compor alguns dos visuais apresentados em seu desfile. Assim, a empresa brasileira adentrou no universo da moda.

Depois desse acontecimento, a marca passou a lançar colaborações e fazer parcerias com grandes nomes mundiais. Ano após ano, a Havaianas também continuou se inovando e lançando modelos cada vez mais modernos de calçados que acabaram valorizando sua marca, como coleções especiais com pedrarias e bordados com customizações feitas à mão.

Polêmicas e consolidação de marca

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Embora seja considerada um ícone nacional e leve consigo o carinho de muitos brasileiros, a Havaianas não possui um passado totalmente impecável. Por quê? A Alpargatas — empresa que fabrica os calçados — era propriedade do grupo J&F, que administra a fortuna bilionária da família Batista.

Por sua vez, os Batistas estiveram recentemente no centro do maior escândalo de corrupção já visto no país. Em 2017, notícias de que Joesley Batista, presidente do frigorífico do grupo, havia secretamente se reunido com o então presidente Michel Temer para discutir subornos abalaram o grupo internamente.

Desde então, a J&F foi atingida por uma multa recorde de mais de R$ 10 bilhões. Porém, mesmo que muitos brasileiros tenham boicotado alguns produtos do grupo, a Havaianas parece ter sido esquecida nesse processo, o que é mais uma prova de como a marca conquistou o coração dos brasileiros e agora segue em frente sob a nova propriedade de três grupos bancários nacionais.

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